sábado, 6 de fevereiro de 2016

FanFic... O Lado Triste do Amor - Capítulo 01



Capítulo 01 (Miles):

                -- Miles? – Acordei assustado, procurando por ela no corredor à minha frente.

                Nada. Ninguém. Foi apenas um sonho.

                Estava sentado lá, na frente do apartamento novo dela há pelo menos seis horas, um pouco mais talvez, e ainda nenhum sinal dela. Já estava começando a me preocupar, ela já deveria ter voltado do trabalho.

                A ansiedade e o nervosismo começavam a me invadir, não aguentava mais de saudade dela, de sua boca, sua voz, seu carinho. O medo estava inundando meu coração, me dizendo que ela não deveria me perdoar, que ela não me daria uma nova chance depois de tudo que fiz, ou deixei de fazer, de como a tratei na última vez em que nos vimos.

                Meu coração batia acelerado, temendo que estivesse me evitando. Corbin poderia tê-la alertado da minha presença lá, e ela não quis me encontrar. Mas era a casa dela, ela tinha que vir...

                O toque do meu celular me assustou por um instante, apesar de ter chegado calmo, essa espera, essa demora dela já me deixou tenso. Precisava tanto vê-la, me explicar para ela. Tanta coisa para dizer...

                -- Alô! Corbin?

                -- Miles, venha até o hospital agora mesmo! Sabe onde Tate trabalha, não é?

                -- Sei sim, mas...

                -- Venha logo, eu explico quando chegar. Rápido!

                Antes que eu pudesse perguntar o que houve, ele já tinha encerrado a ligação. Alguma coisa me dizia que algo acontecera com Tate, e eu tentei me convencer do contrário, que estava apenas ficando paranoico. Porém, nada tirava do meu peito aquele peso novo, aquele medo familiar acompanhado de novas ondas de arrependimento.

                Não conseguia imaginar o que seria de mim se eu a perdesse naquele momento. Tenho certeza de que jamais conseguiria viver novamente, não sem a Tate comigo.

                Cheguei correndo no hospital, procurando feito louco no meio da confusão de pessoas seguindo para todos os lados, correndo apavoradas, por Corbin e Tate. Pensei que o alivio enfim me atingiria quando encontrei Corbin, mas Tate não estava com ele. E o alivio não veio.

                -- Onde ela está? O que está havendo?

                -- Algum maluco entrou armado com uma bomba no hospital, pegou alguns funcionários como reféns...

                -- Tate?

                -- É. Ele a encontrou pouco antes dela sair... Não sei direito o que aconteceu, só sei que uma bomba explodiu parte do prédio, matou o criminoso, mas... A policia ainda não sabe onde ou como estão os reféns. Estão vasculhando os escombros agora. - explicou Corbin, angustiado. Estava tão tenso, sua mão não parava de tremer. -- Ela está lá em algum lugar, Miles. Tate está lá, precisando de ajuda e... Só queria poder ir lá e ajudar a encontrá-la.

                Eu sabia exatamente como Corbin se sentia, meu impulso era invadir correndo, gritando por ela. Estava a ponto de realmente fazer isso, não me importava com as consequências desde que a achasse, quando um socorrista surgiu, trazendo-a numa maca. Corbin imediatamente correu até ele, comigo correndo logo atrás, e desesperados começamos a insistir em acompanhá-la.

                Nem eu ou Corbin queríamos que ela ficasse sozinha.

                Eles permitiram que Corbin os acompanhasse até a parte do hospital que não havia sido afetada pela explosão, mas não deixaram que eu fosse junto, afinal, eu não era irmão, nem nada dela naquele momento. Nunca odiei tanto minha própria estupidez como quando os vi a levando para longe de mim, permanecendo paralisado onde estava.

                Eu não podia ficar ali, tinha que ficar ao lado dela. Não podia abandoná-la de jeito nenhum, ou jamais seria capaz de perdoar a mim mesmo e pedir a ela uma nova chance. Aquele era o momento de mostrar para ela o quanto era importante para mim, que ela poderia contar comigo de corpo e alma.

                Ela precisava de mim e eu não a decepcionaria.



                Assim que cheguei ao corredor onde Corbin aguardava, meu coração quase saltou do peito. Ele estava andando de um lado para o outro, inquieto e tenso, angustiado.

                -- Como ela está, Corbin? - quase gritei, de tanto desespero que sentia.

                -- Nada bem. Disseram que ela estava presa entre destroços, não foi atingida diretamente pela explosão, mas ainda assim sofreu muitos ferimentos por causa do desabamento. Ela foi atingida na cabeça, Miles... Sei que isso é grave. Muito grave. Ela está em cirurgia agora e não sei o que fazer. Não quero sair daqui e correr o risco de perder o momento em que terminarem para ter noticias... mas preciso avisar nossos pais. - disse Corbin, tentando se manter firme. Admito que invejei a força dele, naquele instante eu sentia que qualquer movimento meu poderia me fazer desmoronar de vez.

                E eu não podia. Tinha que permanecer forte por ela.

                -- Eu fico aqui. Não vou a lugar algum até saber como ela está, de qualquer forma. Se perguntarem, direi que sou o noivo dela, não se recusarão a me informar sobre o estado dela ou de vê-la. Vá ligar para seus pais, Corbin. Melhor, vá buscá-los de uma vez. Seu pai não estará em condições de dirigir quando souber... Só tenha cuidado.

                -- Tudo... Tudo bem, me avise assim que ela sair da cirurgia.

                -- Pode deixar.

                Depois que Corbin saiu, fiquei ainda mais angustiado, mais inquieto, mais tenso. Nunca desejei tanto que ela estivesse ao meu lado como naquele momento, ela estaria me abraçando, me confortando como fez no dia em que nos conhecemos. Ao invés disso, ela estava em uma sala fria, sem ninguém que amava ao seu lado, lutando por sua vida. Oscilando entre a vida e a morte.

                Que lado ela escolheria? Tudo o que eu podia fazer era rezar para que ela, apesar de tudo o que a fiz sofrer, escolhesse viver e voltasse para mim.

                Demorou o que pareceu uma eternidade até eu finalmente ter alguma noticia de Tate. O médico se aproximou e perguntou pelos parentes de Tate Collins, ele conhecia ela e vira seu irmão quando ele a acompanhou até aquela ala, estranhou não vê-lo esperando.

                -- Eu sou o noivo da Tate, Corbin foi buscar os pais dos dois... Como ela está? Vai ficar bem, não é?

                -- Conseguimos realizar a cirurgia com sucesso mas ela ainda está em estado crítico. precisa ficar em observação por algum tempo, além disso...

                -- O que? O que foi?

                -- Infelizmente, a senhorita Collins, devido a um ferimento na cabeça, se encontra em coma. Teremos de esperar até ela recuperar a consciência para ver a extensão do dano causado pelo ferimento.

                -- Coma? Dano no cérebro? - eu mal conseguia falar, as palavras dele ecoavam na minha cabeça, e as lágrimas começaram a embaraçar minha visão. Meu mundo desmoronava, mais uma vez.

                -- Sinto muito! - disse o médico. Antes de se afastar, ele me mostrou o quarto em que ela ficaria.

                Ela parecia estar dormindo, deitada naquela cama de hospital, num quarto que dividia com outras três pessoas, feridas durante o ataque ao prédio. Sequer percebi quando Corbin chegou com os pais, todos muito angustiados. Entendia bem como se sentiam, seu pior pesadelo se tornando realidade, sua filhinha podia estar morta agora. E o risco ainda não havia passado, os médicos nem sabiam dizer quando ela acordaria. Se ela acordaria.

               

                Era o último dia da minha folga, Tate já estava inconsciente há dois dias, sem dar nenhum sinal de que fosse acordar. Seus pais mantiveram a calma, a esperança de que ela acordaria logo, e eu tentava seguir seu exemplo, em nenhuma circunstancia eu iria desistir dela. Ela não desistiu de mim mesmo quando eu a magoava seguidas vezes, provaria que a merecia, permaneceria ao seu lado, ainda que levasse anos para ela acordar.

                Ela era minha vida desde o momento em que a conheci, não conseguia me imaginar sem ela. Pelo menos, não vivendo de verdade.

                Com Corbin já era diferente.

                Ele estava bastante abalado, pensar em sua irmãzinha naquele leito de hospital, incapaz de acordar, era demais para ele, que sempre fez de tudo para protegê-la. Então tudo o que ele podia fazer era esperar, assim como nós. Infelizmente para ele, paciência não fazia parte de sua personalidade, por isso estava inquieto e hostil, principalmente comigo.

                Ele não disse, mas eu sabia que ele me culpava de alguma forma. E se era o que ele precisava para manter suas forças, sua esperança, eu entendia. E aceitava. Desde que ele não tentasse me afastar dela, porque isso eu jamais deixaria.

                Naquele dia, ele parecia ainda mais vulnerável do que antes, não sabia se era impressão minha. Ele não queria falar, e eu meio que preferia assim, não era um bom ouvinte naquele momento, mas sabia que algo havia acontecido na noite passada, quando ele foi descansar em casa.

                Eu fiquei ao lado da cama dela, segurando e acariciando sua mão, a observando respirar de forma sistemática, conversava com ela como fazia todos os dias desde aquele pesadelo, quando ouvi Corbin entrar, depois de levar seus pais para almoçarem.

                -- Onde estão seus pais?

                -- Os deixei no meu apartamento, precisavam descansar um pouco. Hoje é seu último dia de folga, vai precisar voltar a trabalhar amanhã...

                -- Eu sei... E você?

                -- Vou ter de voltar daqui a dois dias. meus pais vão ficar com ela enquanto estivermos fora, por isso insisti para que descansassem um pouco mais.

                -- Entendo... Não sei se vou conseguir deixá-la aqui, Corbin.

                -- Ela não vai gostar se você perder o emprego que amo por causa dela, Miles.

                -- Sei disso. Só não consigo nem pensar em ficar longe dela agora, se tiver que escolher entre ela e meu emprego, escolho ela com toda a certeza, sem pensar duas vezes.

                -- Você não precisa escolher, sabe disso. Ela não espera nada assim de você. - não soube explicar, mas aquilo magoou muito, ouvir Corbin dizer aquelas palavras, sabendo que ele estava certo fez meu coração se apertar e doer demais.

                Ela não esperava nada de mim. Eu a convenci a não esperar nada de mim, nada além de sexo. E então, não podia sequer explicar tudo a ela, lhe entregar meu passado, como deveria ter feito antes, me entregar totalmente a ela, para então pedir que ela me concedesse seu futuro, um futuro juntos.

                Minha mente vagava pelas lembranças dos momentos que se tornaram a melhor coisa no mundo para mim, meus momentos com ela, meus momentos com Clayton, e como seria maravilhoso se os dois tivessem se conhecido, quando as máquinas perto da cama dela começaram a apitar.

                Ela estava tendo uma parada cardíaca. Ela estava morrendo.

                -- Não! Não! Tate... Tate! - era só o que conseguia dizer, enquanto os médicos e enfermeiros me empurravam para longe e se concentraram em trazê-la de volta.

                "Por favor, a tragam de volta. A tragam de volta para mim, eu imploro. Não a deixem ir." - pensei, rezando em silencio.

                Segundos torturantes passaram, se tornaram minutos, antes dela finalmente voltar, e eu respirei novamente, sem nem ter percebido que havia prendido a respiração. Ela ainda estava viva. Viva. Minha palavra favorita, logo depois do nome dela. Tate. Não, Elizabeth Tate Collins viva, eram as minhas palavras favoritas, em todo o mundo.

                Mais do que nunca, não sabia como teria forças para deixá-la no dia seguinte. E se acontecesse de novo enquanto eu estiver longe, e se ela não voltar?

                Aceitaria as consequências depois, porém, não deixaria o lado dela, não até que ela acordasse e eu soubesse que ficaria bem, que estaria me esperando.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

FanFic... O Lado Triste do Amor - Prólogo

Eu li 'O lado feio do amor' e amei os personagens, a história... No entanto, achei que faltou algo no final. Para mim, Tate facilitou demais as coisas para o Miles, aceitando-o de volta sem confrontá-lo pelo modo como havia agido com ela. Preferiria se ela tivesse mostrado mais firmeza e tivesse o confrontado, antes de perdoa-lo.
Porém, pelo desenvolvimento da personagem no decorrer do livro, não a vejo tomando uma atitude diferente ao ouvir a confissão dele sobre o Clayton. Ela se derreteria como manteiga no instante em que ele começasse a confessar, se não o tivesse feito antes mesmo dele começar kkkkk. Por isso, tive que escrever essa fic, fazendo com que o destino fizesse Miles lutar por Tate, quando ela não conseguiria se manter firme o bastante para compeli-lo a fazê-lo.


O Lado Triste do Amor

Prólogo:



Miles desabou no chão de seu quarto, depois de deixar Tate nua e magoada, humilhada, no chão ao lado da mesa onde ele transou com ela de forma bruta e sem nenhuma consideração. Ele se sentia um monstro, mas não podia evitar lembrar do prazer que sentiu ao estar com ela, dentro dela.

Ele sabia que ela devia estar chorando naquele instante, e depois de como agira, provavelmente o odiaria. Não poderia mais estar com ela, talvez assim fosse o melhor. Não queria magoá-la ainda mais, não a merecia de qualquer forma.

Apoiado na porta, ele passou a noite em claro, incapaz de dormir. Sabia que teria problemas se continuasse com aquela história, contudo, era difícil demais se convencer a se afastar dela quando seu corpo implorava pelo dela o tempo todo.



Após terminar tudo no estacionamento do aeroporto, levar Tate de volta para casa, ele subiu pelo elevador, sozinho, enquanto Tate preferiu ficar com Cap lá embaixo. Ela ficara chateada, muito chateada, porém, ele sabia que assim era melhor.

O maior problema para ele era se manter longe dela, quando todo o seu ser gritava por ela, para tê-la.

Ao ver aquele cara entrar no apartamento de Corbin com ela, dizendo que a esperaria em seu quarto, seu peito se enche de fúria e ciúmes incontroláveis. Mesmo sabendo que não podia cobrar nada, nem deveria esperar que ela não encontrasse outra pessoa, era incapaz de evitar a raiva que o invadia ao pensar em outro homem a tocando. Ela não podia ser dele, infelizmente era difícil demais convencer seu coração disso.

Assim que percebeu que o homem tinha ido embora, Miles, sem se controlar, foi até o apartamento de Corbin para confrontá-la. Ele precisava saber, precisava saber que aquele cara não a havia tocado, não havia feito ela sentir o que ele fizera quando eles estavam juntos.

Seu alívio foi gigantesco ao descobrir que não houvera nada, entretanto, estava claro que mais uma vez ele agira sem pensar e poderia se colocar numa posição insustentável, em que ambos poderiam sair profundamente machucados.

Por mais que sua mente tentasse afastá-lo dela, já era tarde. Senti-la, sentir sua pele em seus dedos, olhar em seus olhos afetuosos eram mais do que ele podia suportar, não conseguia mais lutar contra a sua necessidade de estar com ela. De tê-la junto a si, mesmo que por pouco tempo. Mesmo que isso os destruísse depois.



No momento em que Tate atravessou a porta e deixou um Miles devastado e cheio de arrependimentos, sozinho no apartamento, ele se perdeu na própria dor, na dor que causara em Tate por se manter fechado para ela, na dor que viu em seus olhos no instante em que mencionou Rachel enquanto ele a possuía de forma bruta novamente.

Quantas vezes ele teve que magoá-la até ela desistir completamente? Por mais doloroso que fosse a separação, ele tentava se confortar se convencendo de que era melhor assim. Ela percebera que merecia alguém melhor do que ele, alguém disposto a se entregar de verdade a ela.

Ela merecia um homem completo, não apenas um homem pela metade, sem espírito, que só a fazia sofrer.



domingo, 17 de janeiro de 2016

Fanfic... Sombras do Amanhã - Capítulo 04 (Final)

*Cenas sensuais em amarelo claro*

Capítulo 04:

                Caitlin já estava de volta há 3 meses, e Fabi não aguentava mais as tentativas da outra de excluí-la da vida de Cafa. O maior problema era que, ou Cafa não estava notando a implicância da ‘amiga’, ou simplesmente preferia ignorar. Em ambos os casos, Fabi não via nenhuma atitude por parte dele e estava cada vez mais irritada.

                O casal estava curtindo a noite juntos, na casa dela, em seu quarto mais precisamente, quando ela decidiu confrontá-lo.

                -- Cafa, não entendo porque você continua deixando que Caitlin interfira na nossa relação. Às vezes chega a ser assustador... Toda vez que marcamos de sair, ela descobre de alguma maneira e atrapalha tudo. Já estou cansada dela por perto.

                -- Eu não posso simplesmente me afastar, Fabi... Ela está precisando de um amigo nesse momento, e não tem mais ninguém.

                -- Não estou entendendo. Do que está falando exatamente?

                -- Caitlin está doente, muito doente. Por isso ela voltou para o Rio, para ficar perto da família nesse momento difícil. Ela se recusou a ficar internada e teimou em morar sozinha, sou a única pessoa do lado dela agora...

                -- Não quero parecer mesquinha ou egoísta, mas desde que a conheci, em nenhum momento ela aparentou estar doente, Cafa. Ela parece ótima, até demais, na verdade.

                -- Ela me mostrou os exames, Fabi. Eu vi! Sei que está chateada porque nossa relação tem sido complicada desde o início, e essa situação toda não está ajudando em nada, mas... Por favor, só tenha um pouco de paciência. As coisas vão melhorar.

                Fabi não ficou convencida, porém, preferiu ceder em vez de brigar com Cafa. Ele estava visivelmente cansado e preocupado com a saúde de Caitlin, o que a deixou com um pouco de ciúmes, além da ansiedade para compensá-la pelos erros do passado.

                Ele precisava relaxar um pouco. Descansar.

                -- Tudo bem, Cafa. Desde que pelo menos possamos ter um momento só nosso durante a semana, eu terei paciência.

                -- Obrigado, Fabi! Muito mesmo. Não imagina o quanto eu fico aliviado.



                Mesmo Fabi tendo tentado facilitar s coisas para ele, Cafa continuava tenso. Seus sonhos confusos com Caitlin e Fabi o deixavam cada vez mais preocupado, e descobrir sobre a doença de Caitlin trouxe mais um problema para sua mente.

                Ele amava Fabi, sabia disso, não tinha nenhuma dúvida. Contudo, seus sentimentos por Caitlin o estavam confundindo cada vez mais. Ele ainda sentia atração por ela, estava claro. Seria realmente apenas isso? Poderia ele arriscar perder Fabi para ficar ao lado de Caitlin? Ele conseguiria mesmo ajudá-la a lutar contra a doença, como ela havia afirmado?

                Enquanto dirigia até a casa de um amigo, tentando se concentrar na pista, e não em sua vida amorosa, Cafa recebeu uma ligação que poderia destruir seu futuro, ou talvez salvá-lo, se ele permitisse.

                -- Alô! O que foi, Caitlin?

                -- Preciso que você venha até minha casa, urgentemente. Tem algo que quero que saiba...

                -- Do que está falando? Não posso ficar correndo até sua casa toda vez que você quiser.

                -- É importante, Cafa. Você vem?

                -- Certo... Já estou indo. – respondeu ele, contrariado, dando a volta com o carro no retorno seguinte.

                Assim que chegou, notou o comportamento estranho de Caitlin, e se preparou para receber más notícias.

                -- Olha, sei que não vai gostar disso, mas precisa avisar para sua namorada para não ficar investigando a minha vida, ok? Ela precisa respeitar os limites...

                -- Não estou entendendo...

                -- Ela foi até a clínica em que estou trabalhando e andou fazendo perguntas sobre mim, sobre minha doença... Agora o meu chefe quer saber que história é essa. Eu não tinha contado sobre isso ainda, Cafa, ela me trouxe um monte de problemas no trabalho.

                -- Caitlin, me desculpe mesmo, Tenho certeza de que ela não fez por mal.

                -- Isso não faz diferença. Ela está com ciúmes de nós, e entendo a razão. Nossa química ainda é muito forte, mas... Só quero que você garanta que isso não vai se repetir.

                -- Eu vou conversar com ela...

                Cafa deixou o apartamento de Caitlin furioso, dirigiu o mais rápido que era permitido até o trabalho de Fabi. Já era final de tarde e ele sabia que o horário dela logo terminaria, ficou esperando dentro do carro, no estacionamento do prédio. E ligou para ela.

                -- Fabi, já está saindo?

-- Sim. Estou deixando o escritório. Por que?

                -- Preciso falar com você, estou esperando no carro, aqui no estacionamento.

                -- Tudo bem, já estou indo. Beijo.

                Ao encerrar a ligação, Cafa guardou seu celular e ficou observando a porta do elevador, esperando. Seu sangue parecia estar fervendo e seu coração estava acelerado, estava furioso com Fabi, consigo mesmo até, por ter criado aquela situação para começar. Sabia que parte da culpa era sua, não conseguira conquistar a confiança de Fabi ainda. Porém, ela não podia interferir na vida de Caitlin, mesmo que não tivesse intenção de prejudica-la.

                -- Aconteceu alguma coisa? Pensei que iria para a casa do seu amigo hoje e me encontraria na minha mais tarde...

                -- Por que você foi na clínica que Caitlin trabalha e ficou fazendo perguntas sobre ela? Não sabe que podia tê-la prejudicado?

                -- Foi por isso que veio aqui? Só por isso? – questionou Fabi, irritada. – Se quer tanto saber, sim, eu fui até lá e fiz algumas perguntas. Apenas isso. Porque nada me tira da cabeça que essa história de doença é tudo fingimento.

                -- Para, Fabi! Eu posso ter dado muitos motivos para você ter ciúmes antes, mas tenho me esforçado para reparar isso. Você não podia ter...

                -- Você insiste em defende-la, e não para sequer para me dar um voto de confiança... Eu cheguei a pensar, por um momento, que você veio até aqui para me fazer uma surpresa... Que planejara algo especial para esta noite. Não poderia estar mais enganada. – interrompeu ela. – Você deveria ir até aquela clínica, Cafa, ter uma boa conversa com um homem chamado Tadeu. Talvez assim você abrisse os olhos... E não precisa ir até minha casa, nem hoje e nem em qualquer outro dia. – continuou, antes de sair do carro batendo a porta. Deixando Cafa para trás, sem palavras.

                Cafa ficou semanas sem notícias de Fabi, sem vê-la, e já não aguentava mais aquele afastamento. Tinha medo de que ela não o aceitasse de novo, depois de tudo. Ela havia terminado tudo, ficara magoada com sua atitude... Teria ele agido impulsivamente? Estava errado em tê-la acusado daquela forma? Era doloroso pensar que podia ter mais uma vez destruído sua frágil relação com Fabi. As dúvidas que antes inundavam sua mente desapareceram, uma certeza estava presente em seu coração, mente e alma. Não poderia continuar longe de Fabi daquela forma, nada do que pensou sentir por Caitlin era real, não passava de nostalgia e tesão reprimido, por causa de todo aquele tempo sem sexo. Era Fabi quem ele realmente desejava e amava, e sua atitude impensada os tinha separado mais uma vez.

                Apesar de certa hesitação, Cafa decidiu que a melhor forma de começar a consertar as coisas era fazer como Fabi havia sugerido. Foi procurar o tal Tadeu na clínica, no horário em que sabia que não poderia encontrar Caitlin. No momento em que entrou na clínica, foi surpreendido por um homem parado na recepção, com a mesma idade que ele, vestindo um jaleco branco, conversando com a recepcionista.

                -- Júlio?

                -- Ei, Cafa! O que faz aqui? – disse Júlio, cuja aparente animação não alcançava seus olhos.

                -- Está trabalhando aqui? Não sabia que tinha voltado... E que estava trabalhando com Caitlin.

                -- Caitlin? Ela está na cidade? Eu não sabia... – disse o homem, visivelmente abalado com a novidade. Tentando disfarçar sua reação, ele continuou – Diga para ela me ligar, sinto falta das nossas noites quentes. Quero muito falar com ela.

                -- Mas... Ela não trabalha aqui?

                -- Aqui? Meu Deus, não. Eu entrei mês passado e nunca a vi aqui, sequer na cidade. Nem sabia que tinha voltado.

                -- Conhece um cara chamado Tadeu? Preciso falar com ele.

                -- Claro! O consultório dele é o primeiro à esquerda, naquele corredor. É só bater na porta.

                -- Obrigado! Foi ótimo vê-lo, Júlio.

                -- Digo o mesmo. Aparece por aqui um dia desses para sairmos um pouco e nos divertirmos.

                -- Bem, desde que não envolva mulheres. Estou namorando sério agora. – respondeu Cafa, sem ter certeza se isso ainda era verdade.

                -- Espero que não com a caitlin, porque acredite, não seria uma boa idéia.

                -- Não é com ela, pode ficar tranquilo. Somos só amigos.

                -- E sua namorada deixa? Cara, aquela lá não consegue ser só amiga de um homem, pelo menos não sem querer que ele pertença só a ela...

                -- Diz por experiência própria? – perguntou Cafa, notando a expressão sombria que Júlio adquiriu por alguns segundos.

                -- infelizmente sim. Olha, Caitlin é uma garota divertida e sabe agradar sexualmente, pelo menos no começo, mas com ela é sempre bom ter cuidado. Lembra quando eu deixei o país, alguns anos atrás, para estudar em Londres, logo depois de nós dois termos aquele lance com ela? Acontece que eu tinha acabado de começar a namorar com outra garota, Eliza, e ela se mudou comigo para a Inglaterra. Também iria estudar lá. Ela não sabia sobre o que houve entre mim e Caitlin, por isso não ficou incomodada quando Caitlin apareceu de repente em Londres, na mesma universidade em que eu estava. Se mudou para a mesma rua em que Eliza morava, e eu a via toda vez que visitava minha namorada.

                -- Como é? Caitlin se mudou para Londres? Pensei que ela tinha se mudado para São Paulo...

                -- Não. Ela estava em Londres. Tinha ido atrás de mim. – continuou Júlio. – Ela ficou me pressionando, tentando me seduzir, me convencer a ficar com ela de vez. E eu tomei a pior decisão da minha vida. Cedi a ela. Acabei me envolvendo com Caitlin e terminei com Eliza. Demorou umas duas semanas para eu perceber o erro que havia cometido, sentia tanta falta de Eliza que doía demais, sentia falta de nossos momentos juntos, seus carinhos, de tudo. Me vi preso numa relação sem sentido, com uma mulher por quem não sentia nada mais do que tesão, até mesmo isso eventualmente acabou. Só que eu e Caitlin fazíamos na época era transar, era muito bom no começo, mas como disse, não era o bastante, e deixou de me dar prazer, passou a ser apenas um modo de mantê-la sob controle. – explicou ele, tão abatido que surpreendeu Cafa. – Ainda sinto muita falta dela, de Eliza. Já tentei reatar com ela diversas vezes, de várias formas, mas ela não me perdoou, não depois de tudo o que aconteceu em Londres naquela época. Eu fui um idiota com ela, um canalha, a magoei demais... Há menos de 3 meses descobri que ela se casou. Não consegui mais ficar em Londres depois disso, era doloroso demais. Pensei que a distância talvez atenuasse essa dor que sinto... Estou feliz por ela, de verdade, ela merece ser feliz. Mas também estou triste por mim mesmo, pois perdi a mulher da minha vida, a mulher que eu amava e que realmente me fazia feliz.

                -- Sinto muito Júlio. – Cafa não sabia mais o que dizer, as lembranças daquele antigo sonho invadiram sua mente.

                -- Passado é passado, não posso mudar o que fiz. Ainda dói, e muito, por isso preciso de um pouco de distração....

                -- Não desista, Júlio. Você ainda a ama, tenha esperança, espere. Talvez um dia você seja capaz de compensar tudo e estar ao lado dela. Até lá, lhe apresentarei alguns amigos, que ficarão felizes em ajudá-lo a se divertir um pouco e esquecer a dor.

                -- Valeu Cafa! E saiba, eu não desisti. Continuo esperando por ela, e ela sabe disso. Antes de deixar Londres, falei com ela uma última vez, fui claro quando expliquei que sempre esperaria por ela, que estaria lá num piscar de olhos se um dia ela precisasse de mim. Mesmo que tenha de esperar por vários anos solitários e melancólicos.

                Cafa seguiu até a sala que Júlio havia indicado, bateu com firmeza na porta, assim que uma voz masculina permitiu sua entrada ele abriu a porta. Encontrou um jovem de pele escura e marcantes olhos verdes, escondidos atrás de um par de óculos.

                -- É o doutor Tadeu?

                -- Sim. E quem é você?

                -- Eu sou Carlos Rafael, preciso conversar sobre uma mulher chamada...

                -- Caitlin? Uma jovem bonita veio perguntar sobre ela semanas atrás, imaginei que o namorado logo apareceria também. Caitlin tem um tipo de compulsão por se envolver com homens comprometidos. A jovem estava desconfiada dela, acho que seu nome era...

                -- Fabi... – sussurrou Cafa, sentindo uma pontada de ciúmes ao ver a admiração do jovem médico. O que a Fabi tinha que atraía os médicos, afinal? – Ela é minha namorada, me disse para conversar com você sobre Caitlin.

                -- E por que ela mesma não explicou?

                -- Eu... Vamos dizer que ela achou melhor eu vir aqui.

                -- Caitlin conseguiu atrapalhar seu relacionamento, não é? Você não é o primeiro, e até que nós homens comecemos a valorizar a mulher ao nosso lado, ela sempre vai conseguir destruiu nossas vidas. Felizmente esse não é o meu caso. Sou muito bem casado, pode para de tentar conter seu ciúme. – disse o médico sorrindo. – Sua Fabi me contou sobre o comportamento de Caitlin, disse que ela parece obcecada por você e que talvez tenha inventado uma doença para manter você à disposição dela.

                -- Fabi só está com ciúmes... E eu entendo a razão, Caitlin está estranha, mas ela me mostrou os exames, está mesmo doente. – disse Cafa, sem muita confiança depois de tudo o que ouviu de Júlio.

                -- Me escute com atenção, Carlos Rafael. Caitlin está doente, mas não da forma que você imagina. Ele é mentalmente instável e vinha se tratando comigo até uns três meses atrás, quando simplesmente parou de vir. E não se engane, ela não começou o tratamento por vontade própria, mas sim por imposição da justiça, depois que quase matou a jovem esposa de seu último amante. O homem tentou terminar tudo, voltar para a esposa, Caitlin não gostou nada disso e tentou matar a jovem, empurrando-a pela janela do apartamento do casal, no décimo andar. Por sorte, o marido chegou na hora certa e conseguiu segurá-la antes que caísse do parapeito. – Tadeu estava sério e observou atentamente a reação de Cafa. – Sei que isso é um choque, mas ouça bem. Darei o mesmo conselho que dei à sua namorada: Fique longe dela! Ela tem uma personalidade obsessiva é narcisista, precisa de remédios para ficar sob controle, o que certamente não anda tomando desde nossa última consulta.

                Ao deixar a clínica, Cafa estava chocado, Fabi estava certa o tempo todo, e ele fora um grande tolo por ter brigado com ela, principalmente sabendo o quão inconveniente eram as intromissões de Caitlin desde o início. Deveria ter percebido que o comportamento dela não era normal...

                O primeiro lugar para o qual foi, a casa de Fabi, sentindo o pânico lhe corroer por dentro. Novamente ele estragava tudo com a única garota que ele amava, além de sua família, com todo o seu ser. Seria capaz de consertar tudo mais uma vez?

                A mãe dela estava na porta quando ele chegou, com uma aparência cansada e preocupada, vestindo um pijama de algodão por baixo de um roupão.

                -- Senhora, o que faz aqui fora assim, à esta hora?

                -- Cafa, você não soube? Ah, Meu Deus! Ela não está com você, não é? Eu ainda tinha esperanças...

                -- O que está acontecendo?

                -- Fabi sumiu. Era para ela ter chegado em casa horas atrás, o chefe dela disse que ela deixou o escritório no horário de sempre... Meu marido está circulando por aí, procurando por ela em todo lugar...

                -- O quê? Ela não está com alguma amiga...?

                -- Já liguei para todo mundo, ela não está em lugar algum... Eu quero minha filhinha de volta, sã e salva...

                -- Eu... Eu vou procura-la também. Não se preocupe, vou acha-la de alguma forma.

                Cafa dirigiu feito louco até o apartamento de Caitlin, seu instinto lhe dizia que ela estava envolvida no desaparecimento de Fabi, e depois de tudo que ele descobrira, começava a temer pela segurança de sua Fabi, somente rezava para que Caitlin ainda não tivesse ido longe demais e machucado Fabi, porque se tivesse, ele a faria pagar caro, nem que isso custasse sua vida.

                No momento em que chegou, correu e bateu na porta do apartamento com tanta força que poderia até derrubá-la.

                -- Caitlin! Caitlin! Onde está Fabi? Sei que você fez alguma coisa, se a machucou... Abra a porta! Agora!

                A mulher que abriu a porta não se parecia em nada com a Caitlin que Cafa conhecia. Estava completamente transtornada, com uma faca na mão, as roupas folgadas no corpo e muito sujas. Entretanto, foi o sangue na ponta da faca que fez Cafa suar frio, com o coração estourando no peito.

                -- O que você fez com ela Caitlin? Onde ela está? – gritou Cafa, se aproximando furioso.

                -- Por enquanto nada demais. Que fique claro que não continuarei sendo boazinha se ela não colaborar. Faça ela colaborar, Cafa. – disse Caitlin, a loucura brilhando em seus olhos.

                -- Onde ela está? Me leve até a Fabi. – disse ele, tentando se acalmar para não piorar a situação de Fabi.

                Caitlin o levou até seu quarto, onde ele viu Fabi machucada e amarrada à uma cadeira no canto do quarto. Na lateral de sua barriga, o rasgo na blusa deixava visível um grande corte, cujo sangue escorria pela perna, se acumulando numa poça sob seus pés. Cafa sentiu um apero tão grande em seu peito, uma dor tão forte que ele teve medo de não conseguir se mexer. Porém, ele conseguiu.

                Se aproximou de Fabi, com suas mãos tremendo a acariciou no rosto ferido, tentando chamar sua atenção. Ela parecia prestes a perder os sentidos a qualquer instante, estava fraca demais, ferida demais para de mover, quanto mais andar. Ele tinha que dar um jeito de tirá-la dali, em segurança.

                -- Não se preocupe, amor, vou tirá-la daqui. Tudo ficará bem. – sussurrou ele. – Como acabou vindo parar aqui...?

                -- Ela disse que você precisava de ajuda... Pensei que você precisava de mim... Cafa... – respondeu ela, com muita dificuldade.

                -- Eu preciso, Fabi. Mais do que pode imaginar.

                -- Se afaste dela, Cafa. Não quero que ela o enfeitice novamente. – disse Caitlin, puxando Cafa para longe da fragilizada Fabi. – Você é meu!

                Quando Fabi começou a tossir sangue, vindo a desmaiar logo em seguida, Cafa se desesperou, não pôde mais manter a calma e se segurar. Teve que agir.

                Surpreendendo Caitlin, ele a empurrou de lado, a fazendo derrubar a faca e cair no chão. Imediatamente, ele pegou a faca no chão, antes que ela a alcançasse e a atingiu na cabeça com o cabo, a deixando inconsciente

                Com a ameaça temporariamente neutralizada, Cafa correu até Fabi e a desamarrou rapidamente, a pegou no colo e fugiu com ela do apartamento. Seguiu diretamente para o hospital com Fabi, e uma vez com ela sob os cuidados dos médicos, ele ligou para a família dela.

                Quando os pais de Fabi chegaram, Cafa estava ao lado do leito dela, segurando-lhe a mão enquanto ela dormia.

                -- Como ela está, Carlos Rafael?

                -- Ela vai ficar bem, os médicos já cuidaram dos ferimentos mais graves. E os policiais já conversaram comigo, a responsável por esta barbaridade logo será presa, tenho certeza.

                -- Graças à Deus ela está bem! – disse Célia, acariciando o rosto adormecido da filha.

                Na manhã seguinte, ao acordar, Fabi observou Cafa dormindo na cadeira ao lado de seu leito, a cabeça apoiada na cama, segurando levemente a mão dela. Seus sentimentos não poderiam estar mais confusos, ela ainda estava magoada, mas também sentira terrivelmente a falta dele durante todos aqueles dias longe.

                -- Cafa! Acorde, Cafa! – chamou ela, com a voz baixa e um pouco fraca.

                -- Fabi? Estava esperando você acordar, mas acabei... – disse ele, ainda sonolento. – Como está se sentindo? Alguma dor?

                -- Não, estou bem. Só um pouco desconfortável por estar mais uma vez no hospital.

                -- Sinto muito! Me desculpa, Fabi! Foi tudo minha culpa, eu deveria ter ouvido você antes, deveria ter ficado do seu lado. Me perdoe! Me perdoe! – implorou Cafa, as lágrimas escorrendo por seu rosto, o sofrimento e o medo desenhados em seu rosto.

                -- Você foi até a clínica? Investigou? – perguntou Fabi, e ele assentiu. – Então agora você sabe... Eu só estava preocupada com você, conosco. E mesmo que tenha demorado mais do que eu gostaria, pelo menos você confiou em mim e foi descobrir a verdade. Acho que graças a isso eu estou aqui hoje, viva.

                -- Você não devia ter passado por tudo isso, não merece... – sussurrou Cafa, antes de um barulho alto a assustar.

                -- O que foi isso?

                -- Fique tranquila, Fabi, eu vou dar uma olhada e já volto.

                Fabi permaneceu deitada, ansiosa para que Cafa voltasse logo, até ouvir uma voz dolorosamente familiar, que desde a noite anterior invadiria seus piores pesadelos.

                -- Ai está você Cafa. Então este deve ser o quarto daquela sua namoradinha... – Fabi sentiu pânico ao avistar uma sombra se aproximar pela fresta da porta.

                -- Como chegou aqui? Pensei que já estava presa...

                -- Você pode ter mandado aqueles policiais me pegar, mas uma vez mais estava atrasado. Consegui fugir antes de chamarem, afinal você se esqueceu de me amarrar ou prender de alguma forma. Fiquei surpresa com esse seu lapso de atenção... Agora, vou fazer o que deveria ter feito ontem, darei um tiro na cabeça daquela garota e o farei assistir. Acabarei de uma vez com isso. Depois, cuidarei de você Cafa, o farei se arrepender por não ter me escolhido, por ter preferido ela.

                Enquanto a ouvia falar, Fabi se levantou o mais rápido que pôde, com certa dificuldade por causa da dor dos ferimentos, e seguiu até o pequeno banheiro, onde ficou escondida e foi capaz de ver quando Caitlin empurrou Cafa para dentro do quarto.

                -- Cadê ela? Onde você a escondeu? – gritou Caitlin, com a arma apontada para a cabeça dele.

                -- Bem longe de você! Não deixarei que você a machuque de novo, Caitlin. – disse ele, o alívio ainda presente em seus olhos desde o momento em que percebera que Fabi havia se escondido.

                Contudo, o alívio durou pouco.

                -- Me diga onde ela está, Cafa? Ou vou atirar em você. Vou atirar em cada parte do seu corpo até que me diga o que quero saber.

                -- Não! Pode fazer o que quiser comigo, mas jamais permitirei que chegue perto de Fabi.

                -- Eu posso matá-lo sabia? Vai mesmo arriscar sua vida por uma garota como aquela? Nós costumávamos rir de garotas como ela, tão bobinhas... Qual é, Cafa? Como pode ter se interessado por uma garota tão sem graça?

                -- Ela é maravilhosa! É uma pessoa muito melhor que você e eu, de todas as formas possíveis, e ela certamente merece um homem melhor do que eu. Mas nunca vou deixar ela ir, pode ter certeza. Eu a amo, mais do que já amei alguém em minha vida. Não foi algo rápido, precisei de tempo, precisei conhece-la de verdade para começar a reconhecer o sentimento, mas agora não posso mais voltar atrás. Ela é a mulher da minha vida, me faz feliz e me deixa completo, como nunca pensei me sentir antes. – disse Cafa, cheio de emoção. – Não me arrependo tanto de algo quanto de tê-la deixado se aproximar de mim e de Fabi. Não cometerei esse erro novamente.

                Irritada, Caitlin atirou na perna de Cafa e começou a chutá-lo com força quando ele caiu no chão. Fabi procurou desesperada por qualquer coisa para ajudá-lo no banheiro, mas por um segundo temeu não achar nada. Até ver, escondido num canto atrás da porta, um grande cano solto caído no chão.

                Com o cano nas mãos, Fabi deixou o banheiro o mais silenciosamente possível, se aproximando de Caitlin pelas costas. E com um forte golpe na cabeça, interrompeu o ataque à  Cafa, que gemia de dor no chão gelado. Ela puxou Caitlin pelos pés até o banheiro, onde a trancou por segurança, antes de correr em direção à Cafa.

                -- Você está bem, Fabi? Não deveria estar fazendo todo esse esforço, ainda está ferida...

                -- Vou ficar bem. E sou eu quem deveria estar perguntando como VOCÊ está. Não podia ficar parada, escondida, enquanto ela... Podia tê-lo matado.

                -- Não se preocupe, Fabi. Afinal, já estamos no hospital, não vai demorar para cuidarem de nós... – disse Cafa sorrindo.



                Uma semana depois, tendo ambos já deixado o hospital, graças à má pontaria de Caitlin, Cafa e Fabi passavam a noite juntos, no quarto dela, e mais uma vez, Cafa teve um sonho com sua garota. E desta vez nada poderia deixa-lo mais feliz do que torna-lo realidade.

                Deitados numa praia deserta, apenas os dois, quase completamente nus, Cafa e Fabi se acariciavam com calma e ternura.

                --Estou tão feliz por estarmos aqui. É tão bom ficar assim com você.

                -- Se você gosta tanto, prometo trazê-la de verdade um dia. Escolheremos um lugar mais privado, não tão exposto, e poderemos ficar nus de verdade, nos agarrando feito loucos.

                -- Gostei da idéia. – disse ela rindo. – Espero que cumpre a sua promessa.


                Cafa, então, se virou, ficando por cima de Fabi, a olhando cheio de desejo. Ele agarrou os seios expostos dela, um em cada mão, e ficou ouvindo os gemidos de prazer dela enquanto os apalpava e esfregava seu membro na virilha dela. Ele já estava excitado, e muito.

                Eles fizeram amor na praia pelo que pareceram horas e horas, até Cafa acordar na cama dela e encontrar Fabi ao seu lado, enroscada ao corpo dele, sem notar a gritante ereção que ele mantinha. Tentando se desvencilhar sem acordá-la, Cafa acabou esfregando seu membro ereto na parte interna da coxa dela, o deixando ainda mais excitado. Chegava a doer de tanto desejo.

                Se sentindo loucamente tentado, ele repetiu o movimento e começou a se esfregar nela como no sonho. Virando levemente de lado para ficar de frente para ela, ele usou seu membro duro para acariciar a virilha dela sob a calcinha, enquanto a perna dela permanecia sobre a dele, deixando-a aberta o bastante para ele brincar um pouco.

                Sem poder se mexer para tirar a cueca totalmente, ele apenas a arriou um pouco, libertando seu membro faminto e dolorido de desejo, e continuou esfregando-o nela, sentindo o calor que ela emanava. Ele sentiu à medida que ela se excitava, mesmo dormindo, a entrada dela ficando tão molhada que encharcou a calcinha.

                Beijando-lhe o pescoço, ele desceu uma das mãos e puxou a pequena calcinha para o lado, usando os dedos para estimular seu clitóris, sussurrando em seu ouvido.

                -- Acorde, meu amor. Te quero tanto...

                Ela abriu os olhos devagar, seu corpo se contorcia de prazer, e ela gemia mesmo antes de deixar o mundo dos sonhos.

                -- Tão bom...! Não pare, Cafa!

                -- Não vou. Não posso mais... – disse ele, antes de se virar bruscamente e ficar sobre ela. Num único movimento, ele pôde sentir o alívio de ambos, quando a penetrou, empurrando todo o seu membro de uma só vez para dentro dela.

                -- Sim! Mais, Cafa! Mais fundo, amor! – gritou ela, levantando o próprio quadril para que o amante realizasse seu desejo.

                -- Diz de novo, Fabi... Me diga...

                -- Cafa! Cafa! É tão bom, amor! Mais, amor!

                -- Isso! Sim!... Meu Deus, é bom demais. Você está me deixando louco... Falta muito, amor? Não vou aguentar muito tempo...

                -- Quase lá... Só mais um pouquinho... – ela gemeu, no momento em que Cafa se afundou nela tão profundamente, que ele se sentiu fundir ao corpo dela.

                O orgasmo chegou para ele poucos segundos depois do segundo orgasmo dela, ambos estavam cansados e satisfeitos, e não queriam se levantar ou afastar seus corpos. Levou alguns minutos para que ele desistisse e tirasse seu membro de dentro dela, a puxando para seus braços em seguida, onde permaneceram abraçados pelas horas seguintes.


                -- Essa foi uma forma maravilhosa de acordar. – disse ela. – Foi incrível!

                -- Melhor do que a primeira vez? Por que naquela eu me esforcei bastante... – disse ele rindo, lembrando de quando esteve dentro dela pela primeira vez, quando a sentiu envolta de seu membro, o devorando deliciosamente, o primeiro homem a penetrá-la. E ele garantiria que seria o único a ter aquele privilégio e prazer, assim como ela seria a última mulher a tê-lo em sua cama. A única mulher a tê-lo completamente entregue e apaixonado, rendido ao amor que sentia por ela.

                -- Bem, aquela foi minha primeira vez, e jamais esquecerei. Foi maravilhoso! Você tornou tudo maravilhoso. Vamos dizer apenas que todos os nossos momentos juntos são incríveis e é difícil escolher qual o melhor.

-- Fico feliz que tenha gostado, então, porque quando nos casarmos, esses momentos, e manhãs como esta, serão bem frequentes entre nós, principalmente na lua de mel...

                -- Quando nos casarmos? Cafa...

                -- Isso mesmo, Fabi. E então, aceita se casar com este idiota aqui, mesmo ele não merecendo uma mulher como você? Ou terei que me esforçar mais para convencê-la?

                -- Vou pensar no assunto.

                -- Fabi...

                -- Tudo bem. Eu aceito, amor. Claro que aceito. Eu te amo muito.

                -- Eu também te amo, Fabi. Mais do que tudo. Mais do que minha vida. Não consigo imaginar minha vida sem você.



Dois Anos depois:

                -- E então, como estão minhas garotas? – perguntou Cafa, ao chegar em casa e encontrar a esposa grávida de 6 meses lendo no sofá.

                -- Estamos ótimas, apesar desta pequena aqui estar bem ativa hoje. – respondeu Fabi, com a mão sobre a barriga redonda e pequena.

                -- Parece que alguém estava tentando chamar a atenção da mamãe. – disse Cafa, acariciando a barriga de Fabi e beijando-lhe o rosto. – Vou tomar um banho e volto logo, está bem?

                -- Claro! Ah, a Kira ligou, mandou um beijo para você.

                -- Como ela e Felipe estão? Curtindo a viagem?

                -- Parece que sim. Ela estava exultante.

                Assim que terminou o banho, Cafa vestiu seu roupão e desceu para ficar com Fabi na sala. Sentado ao lado dela no sofá, abraçados, enquanto ela lia seu livro, Cafa ficou pensando no passado, no futuro. Nos sonhos.

                -- O que você acha de viajarmos antes do bebê nascer? Depois vai ficar difícil viajarmos por algum tempo...

                -- E não teria problema? Já estou com 6 meses...

                -- Ainda faltam 3 meses para o parto, não vai haver problema algum. Podemos passar alguns dias na Itália, o que acha?

                -- Acho maravilhoso, amor.

                Naquela noite, antes de dormirem, cafa e Fabi fizeram amor lenta e carinhosamente, adormeceram se sentido completos e mais felizes do que puderam imaginar anos antes.

                A vida do casal estava apenas começando, assim como sua nova família.

FIM