E para comemorar o Natal, o primeiro capítulo da minha nova fic, que não será grande, mas espero que gostem de ler tanto quanto gostei de escrever.
Sombras do
Amanhã
(Cafa & Fabi - Fanfic do livro ‘Sonhei que amava você' de Tammy Luciano)
Capítulo
01:
Cafa
chegou em casa estranho numa noite de sexta-feira, até mesmo a presença dele
naquele horário numa sexta à noite era algo bem raro em casa.
--
O que você tem, Cafa? Pensei que iria sair com a Fabi esta noite? – Perguntou Kira,
preocupada, observando a fisionomia do irmão. – E o Cadu?
--
Ele ficou com a Lelê. Estou cansado agora, Kira, só quero dormir, tudo bem?
Ele
foi para seu quarto sem dizer mais nada, deixando Kira ainda mais nervosa. ‘Aconteceu
alguma coisa...’ – pensou ela, enquanto se dirigia para o próprio quarto.
Queria ir até o irmão e pressioná-lo a lhe contar o que estava errado, mas
sabia que o melhor era lhe dar tempo.
Sozinho
em sua cama, Cafa refletiu sobre as palavras de Fabi, poucas horas antes.
Eles estavam
curtindo uma pequena reunião entre amigos, Cadu não desgrudava de Lelê, e só
faltavam Kira e Felipe para a festa ser completa. Felipe tinha que ajudar a mãe
com a loja naquela noite e não poderia ir, e Kira não quis ir sem ele.
Cafa estava
distraído numa conversa com os amigos, deixando Fabi um pouco de lado, que nem
notou a chegada de Jalma à festa. Olhava na direção oposta, os olhos presos nas
curvas de uma garota à sua frente, enquanto Fabi ficou sozinha no canto da
sala. Até que Jalma se aproximou.
-- Você viu o
Cafa por aí? Sabe, um dos gêmeos? – Perguntou Jalma, se exibindo para todo
homem que passava por perto.
-- O que quer com
o Cafa? – Perguntou Fabi, sentindo seu rosto queimar com o ciúme e a raiva pelo
atrevimento daquela garota vulgar. A resposta que recebeu foi como um golpe no
estômago, que ela sabia que viria em algum momento, porém, ainda assim, muito
doloroso.
-- É que na época
em que minha irmã estava desaparecida, alguns meses atrás, eu e ele ficamos
juntos algumas vezes. Foi incrível! E agora que eu estou solteira de novo,
quero repetir a dose. Ele é muito gostoso! A nossa transa foi uma delícia,
mesmo sendo em uma época difícil para mim...
Fabi não
conseguiu permanecer ali, ouvindo tudo aquilo. Seu coração batia
freneticamente, desesperado para aliviar toda a dor que sentia. Ela correu para
fora, atravessava a porta quando Cafa a alcançou.
-- O que houve, Fabi?
O que você tem? – Questionou ele, acariciando o rosto molhado pelas lágrimas
dela.
-- Para mim
chega, Cafa! Não posso continuar fingindo que daremos certo, quando está claro
que queremos coisas diferentes. Preciso aceitar que você não sente nada por mim
e não é capaz de me dar o que quero...
-- E o que você
quer Fabi?
-- Amor e
respeito. Você não tem por mim nenhum dos dois, isto é óbvio para mim agora.
Não posso continuar me enganando e deixar você continuar me magoando.
-- Do que está
falando? Se é porque eu te deixei sozinha e fiquei olhando para aquela garota
lá, eu juro que não foi nada demais... Só estava olhando, não precisa de todo
esse drama.
-- Não se trata
só de hoje, Cafa. Se trata de meses atrás e todo esse tempo até hoje você me
fazendo de boba, e eu deixando. Talvez deva conversar com aquela exibida ali,
tenho certeza que assim como antes, ela ficará bem satisfeita em se divertir
com você quando eu não estiver mais por perto.
Cafa se virou
para ver quem ela apontava, e ficou surpreso ao encontrar Jalma sorrindo para
ele e vindo em sua direção. Tentou impedir que Fabi fosse embora, queria falar
com ela, precisava convencê-la a mudar de ideia. Mas não tinha como. Fabi se
afastou quase correndo, no mesmo instante em que Jalma o alcançou.
-- Oi, gato!
Pensei em repetirmos a dose do que tivemos àquela vez. Mal posso esperar para
você me pegar como naquela noite...
-- Saia daqui
Jalma. Não estou nenhum pouco interessado.
-- E por que não?
Por causa daquela sem graça que saiu correndo? Qual é? Não vai me dizer que
você, assim como Felipe, prefere uma coisinha sem sal como aquela em vez de um
mulherão como eu?
-- Para falar a
verdade, a Fabi é muito mais mulher do que você, Jalma. Agora siga seu rumo e
me deixe em paz. Eu não sou como o Felipe, não vou deixar você ficar me
perturbando. É melhor ficar longe da Kira e da Fabi, ouviu bem?
Cafa deixou a
festa furioso, Jalma havia estragado tudo com Fabi, e ele sabia que teria um
trabalhão para convencê-la a esquecer toda aquela história e consertar tudo
entre eles.
Sentado no carro,
ele tentou ligar para o celular dela, sem sucesso. Só caía na caixa postal.
Inquieto, ele foi dirigindo devagar pelo caminho que ela teria pego se
estivesse indo à pé para casa, e como temia, ela caminhava devagar por uma rua
quase deserta e escura demais para o gosto dele.
-- Ficou louca,
Fabi? Andando sozinha nessas ruas.... Sabe o quanto é perigoso? Alguém
poderia... – Ele não conseguiu continuar. Tinha saído do carro num pulo assim
que parou, começou a gritar, irritado por ela se arriscar daquela forma. –
Venha, vou te levar para casa.
-- Não! Não quero
mais ver você.
-- Pare com isso!
Sei que está furiosa comigo, mas é muito perigoso para você ficar andando assim
sozinha, à noite, na rua.
Hesitante, Fabi
entrou no carro sem dizer mais nada, e durante todo o percurso até sua casa,
evitou encarar ou falar com Cafa.
-- Olha Fabi,
esfria um pouco a cabeça. Amanhã nós conversaremos melhor sobre isso...
-- Não Cafa. É
melhor acabarmos com tudo agora mesmo. Tudo não passou de fantasia da minha
cabeça, em nenhum momento você me levou à sério de verdade. Não quero mais
isso. Você não está nenhum pouco
interessado em mudar, e eu quero mais de um relacionamento do que ser o plano
reserva para o caso de nenhuma mulher mais interessante aparecer. Continue com
seu estilo de vida, você não mudou quase nada nele mesmo, que eu vou buscar
alguém que me ame e valorize. – Ela disse, entrando em casa logo em seguida,
sem virar para trás, deixando um Cafa confuso e inexplicavelmente sentindo um
vazio dentro de si.
Na manhã seguinte, Cafa levantou
desanimado e recebeu os olhares surpresos e preocupados da família, como
esperava. Cadu e Lelê deviam ter visto ou ouvido sua briga com Fabi, e contaram
para todos na casa.
A
mãe saiu correndo para o restaurante, sabendo o quanto estava atrasada,
contudo, não sem antes deixar claro para o filho que quando voltasse, queria
conversar. Assim que o pai também saiu para o trabalho, Kira e Cadu se
aproximaram e começaram à encará-lo.
--
O que foi? – Perguntou irritado.
--
Isso perguntamos nós. O que foi tudo aquilo com a Fabi? O que aconteceu com vocês?
– Cadu falou primeiro.
--
Fabi terminou comigo. – Foi tudo o que Cafa foi capaz de dizer, o vazio em seu
peito havia crescido mais do que imaginava possível, durante a noite insone.
--
Como assim? A Fabi te adora. Te ama de verdade, tenho certeza. – Kira não podia
acreditar.
--
Bem, foi o que aconteceu.
--
E o que você fez para provocar isso? Concordo com Kira, a Fabi te ama, mesmo com
todos os seus vacilos. – Disse Cadu, sério.
--
Ela descobriu sobre Jalma e eu na época do sequestro da irmã de Jalma. Ficou muito
chateada porque Jalma praticamente esfregou a história toda na cara dela.
Tentei ligar para ela ontem, depois que cheguei, e agora de manhã também, mas
ela se recusa a me atender.
--
Se eu fosse ela, nunca mais olharia na sua casa, Cafa. – Disse Kira. – Mas...
Como você está?
--
Estou bem gente. Só fiquei um pouco chocado, só isso. Nunca tinha levado um
fora assim... Não se preocupem, não foi nada demais, simplesmente voltarei à
farra de antes. – Respondeu Cafa, e apesar de tentar transmitir confiança, não
conseguiu enganar os irmãos.
--
Eu queria tanto que ele e a Fabi dessem certo... Ela o faria feliz, tenho
certeza. Se pelo menos ele se sentisse da mesma forma que ela... – Disse Kira,
frustrada e chateada.
--
Calma Kira. Essa história ainda não acabou... Sabemos muito bem como Fabi se
sente por ele, que o ama. E apesar de não querer admitir, conheço Cafa como a
mim mesmo, ele se sente da mesma forma por ela. Só não percebeu ainda. Você
acha que o Cafa que conhecemos e amamos teria permanecido com a Fabi por todo
esse tempo se não sentisse algo forte por ela? Mesmo com a Caitlin, por quem
ele tinha todo aquele tesão, ele só ficou por no máximo dois dias, antes de se
cansar dela. Claro, segundo ele, passaram os dois dias quase inteiros só
transando...
--
Cadu!
--
Desculpe, Kira! O fato é que, mesmo que de um jeito torto e sem querer, ele se
envolveu de verdade com a Fabi. Foi um recorde! E está na cara o quanto ele está
arrasado, apesar de fazer de tudo para esconder. Acho que ele realmente se
apaixonou dessa vez. E é isso que me preocupa.
--
Eu sei. Ele estragou tudo, e a Fabi se cansou dos vacilos dele...
--
Não sei como vamos poder ajudar nosso irmão, Kira.
--
Pensaremos em alguma coisa, Cadu. Vou falar com o Felipe, talvez ele possa nos
ajudar.
--
Tudo bem.
Fechado
em seu quarto, Cafa tentou se concentrar em se arrumar, contudo, por mais que
tentasse evitar, sua mente insistia em vagar de volta até Fabi. Lembrando de
seu beijo, de seu toque macio, seu perfume que o invadia quando a beijava no
pescoço, o gosto de seus lábios e de sua pele. Ele não podia evitar sentir
falta do corpo dela junto ao seu, de sentir o calor que ela lhe transmitia com
simplesmente um toque.
Seus
amigos, até mesmo Cadu, jamais o deixariam em paz se soubessem que sequer chegaram
a dormir juntos, Fabi e ele. Não de verdade, pelo menos. Ninguém sabia que sua
Fabi ainda era virgem, e que ele aceitara esperar até ela estar pronta, até
poder confiar nele. Agora, nunca aconteceria. Não com ele.
Ele
sabia que havia quebrado a pouca confiança que ela se esforçou tanto para
depositar nele, fora muito difícil convencê-la a lhe dar o benefício da dúvida
e arriscar seu coração com um mulherengo assumido como ele. E como ela temia
desde o início, ele agira como um completo cafajeste, transando com Jalma assim
que Fabi virara as costas.
Cafa
poderia dizer a si mesmo que apenas seu instinto masculino, depois de tanta
abstinência sexual, que acabara falando mais alto. Que não tivera culpa. Porém,
ele sabia bem o que estava fazendo, tanto quando ficara com Jalma, como quando
flertava com outras mulheres. Era um hábito. Nunca pretendeu se prender a ninguém.
O problema era que ele gostava de ter Fabi junto a si, ao seu lado, não queria
perder o que tinha com ela.
Enquanto
dirigia para o trabalho, focou sua mente em voltar a sua antiga vida, antes de
Fabi, antes de se sentir tão ligado a outra pessoa, a uma garota. Antes de
sentir todo aquele medo ao imaginar sua vida sem poder vê-la ou tocá-la de
novo.
À
noite, Kira estava se preparando para dormir quando Cafa chegou, cheirando a
perfume barato e quase caindo de bêbado. Ela ouviu os passos cambaleantes e os
tropeços de seu quarto e foi verificar o que estava havendo.
--
O que você andou fazendo para chegar nesse estado? – Perguntou Kira, irritada,
ajudando o irmão a chegar ao próprio quarto.
--
Só me divertindo, irmãzinha.
--
Você nunca chegou assim antes, Cafa. É por causa da Fabi, não é? Você não
aprontou nada, né?
--
Deixa disso, Kira... Nunca me diverti tanto antes, esquece a Fabi... Ela não é
ninguém... – Respondeu um Cafa bêbado demais para se manter de pé, desabando em
sua cama.
Ainda
mais irritado, e ao mesmo tempo preocupada, Kira voltou para seu quarto e
tentou dormir.
Kira caminhava por uma rua estranhamente
familiar, sentiu logo a presença de Felipe ao seu lado.
-- Acho que tem
algo que precisamos ver. – Disse ele.
-- Como assim?
-- Apenas sinta.
Alguém está te chamando. Vamos!
Felipe a puxou
pela mão até uma aconchegante casa, bem mobiliada e muito bonita.
-- Está sentindo,
Kira?
-- Sim. Nunca vi
essa casa antes, mas ela me parece tão familiar... Me sinto bem aqui.
-- Eu também.
-- Parece que
estamos cercados, envoltos por muito amor, muito afeto...
-- Há tanta
felicidade no ambiente, que imagino que, quem quer que more aqui, possui um
amor tão grande e forte quanto o nosso. – Disse Felipe, quando uma bela mulher,
mais velha, entrou com um bebê no colo, na calorosa sala de estar em que o
casal estava.
-- Fabi?
Antes que Kira
pudesse entender a presença de Fabi em seu sonho, a jovem mãe foi envolvida por
braços fortes e recebeu um amoroso beijo no pescoço. Ao observar o rosto do recém-chegado,
Kira imediatamente reconheceu o irmão, Cafa.
-- Fabi e Cafa têm
uma família...? Ou vão ter? Será mesmo possível? – Se perguntou Kira, se
calando em seguida para ouvir a conversa do outro casal.
-- Ela melhorou? –
Perguntou Cafa.
-- Sim.
Felizmente a febre passou, ela está descansando agora, foi um dia difícil para
a nossa pequenina.
-- Vim o mais rápido
que pude, mas...
-- Não se
preocupe, está tudo bem agora. – Disse Fabi, dando um beijo no marido.
-- E o próximo
membro da família, como está indo?
-- Cafa! Eu disse
que ainda não tenho certeza, você sabe que pode não ser nada...
Nesse momento,
algo estranho começou a acontecer. A sala começou a ficar muito escura, o chão
começou a tremer, tão forte que foi se partindo. De repente, Kira se deu conta
que Fabi e Cafa haviam desaparecido, permanecendo apenas a bebezinha, sozinha,
no meio daquela confusão catastrófica. Com Felipe ao seu lado, Kira tentou
alcançar a menina que chorava copiosamente, contudo, todo o cenário à sua volta
desmoronou de vez.
Sua sobrinha
havia sumido, assim como a aconchegante sala de estar, deixando Kira e Felipe
cercados por um enorme vazio. Ela sentiu um peso no peito, como se aquele vazio
estivesse tentando invadir-lhe o coração.
-- Seja forte e
se concentre Kira. Esse vazio não pertence a nós, ficaremos bem. – Felipe tentou
acalmá-la.
-- Eu sei, mas
pertence a alguém que amo.
-- Cafa?
-- Acho que sim.
Parecendo estar à
vários metros de distância, uma forte luz brilhou, e o casal correu para alcança-la.
Ao se depararem com a luz ofuscante do sol, os dois tiveram que acostumar aos
poucos seus olhos com a nova claridade.
-- Onde estamos?
Parece a mesma rua de antes... Mas...
-- A sensação é
diferente. – Disse Felipe, arregalando os olhos em seguida, e apontando para a
entrada de uma sorveteria perto dali. – Kira, olhe! É o Cafa.
-- Vamos!
Eles correram até
a sorveteria em que Cafa entrava um pouco hesitante, sendo surpreendidos pela
cena dramática. Cafa estava parado na frente da porta, incapaz de afastar os
olhos de uma Fabi muito grávida, com um homem desconhecido a abraçando por trás,
as mãos pousadas protetoramente sobre a enorme barriga dela.
Kira reparou na
expressão angustiada do irmão. Ele sofria ao observar Fabi com outro, formando
uma família, sem ele. Naquele momento, Kira quis gritar para Cafa reagir, lutar
por ela, pela mulher que amava. Porém, ele não podia ouvi-la.
-- Não estamos
realmente aqui, Kira. Lembra?
-- Ele está
sofrendo de verdade, Felipe. Ele a perdeu e está desesperado por isso, posso
ver nos olhos dele.
-- Eu sei, Kira.
Mas é só um sonho, não esqueça disso. Não está acontecendo agora.
-- Está errado,
Felipe. Isto está acontecendo, está começando a acontecer. Essa cena é apenas o
desfecho, o final. Não posso deixar chegar a esse ponto.
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