quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Fanfic... Sombras do Amanhã - Capítulo 01

E para comemorar o Natal, o primeiro capítulo da minha nova fic, que não será grande, mas espero que gostem de ler tanto quanto gostei de escrever.

Sombras do Amanhã
(Cafa & Fabi - Fanfic do livro ‘Sonhei que amava você' de Tammy Luciano)

Capítulo 01:
            Cafa chegou em casa estranho numa noite de sexta-feira, até mesmo a presença dele naquele horário numa sexta à noite era algo bem raro em casa.
            -- O que você tem, Cafa? Pensei que iria sair com a Fabi esta noite? – Perguntou Kira, preocupada, observando a fisionomia do irmão. – E o Cadu?
            -- Ele ficou com a Lelê. Estou cansado agora, Kira, só quero dormir, tudo bem?
            Ele foi para seu quarto sem dizer mais nada, deixando Kira ainda mais nervosa. ‘Aconteceu alguma coisa...’ – pensou ela, enquanto se dirigia para o próprio quarto. Queria ir até o irmão e pressioná-lo a lhe contar o que estava errado, mas sabia que o melhor era lhe dar tempo.
            Sozinho em sua cama, Cafa refletiu sobre as palavras de Fabi, poucas horas antes.
           
            Eles estavam curtindo uma pequena reunião entre amigos, Cadu não desgrudava de Lelê, e só faltavam Kira e Felipe para a festa ser completa. Felipe tinha que ajudar a mãe com a loja naquela noite e não poderia ir, e Kira não quis ir sem ele.
            Cafa estava distraído numa conversa com os amigos, deixando Fabi um pouco de lado, que nem notou a chegada de Jalma à festa. Olhava na direção oposta, os olhos presos nas curvas de uma garota à sua frente, enquanto Fabi ficou sozinha no canto da sala. Até que Jalma se aproximou.
            -- Você viu o Cafa por aí? Sabe, um dos gêmeos? – Perguntou Jalma, se exibindo para todo homem que passava por perto.
            -- O que quer com o Cafa? – Perguntou Fabi, sentindo seu rosto queimar com o ciúme e a raiva pelo atrevimento daquela garota vulgar. A resposta que recebeu foi como um golpe no estômago, que ela sabia que viria em algum momento, porém, ainda assim, muito doloroso.
            -- É que na época em que minha irmã estava desaparecida, alguns meses atrás, eu e ele ficamos juntos algumas vezes. Foi incrível! E agora que eu estou solteira de novo, quero repetir a dose. Ele é muito gostoso! A nossa transa foi uma delícia, mesmo sendo em uma época difícil para mim...
            Fabi não conseguiu permanecer ali, ouvindo tudo aquilo. Seu coração batia freneticamente, desesperado para aliviar toda a dor que sentia. Ela correu para fora, atravessava a porta quando Cafa a alcançou.
            -- O que houve, Fabi? O que você tem? – Questionou ele, acariciando o rosto molhado pelas lágrimas dela.
            -- Para mim chega, Cafa! Não posso continuar fingindo que daremos certo, quando está claro que queremos coisas diferentes. Preciso aceitar que você não sente nada por mim e não é capaz de me dar o que quero...
            -- E o que você quer Fabi?
            -- Amor e respeito. Você não tem por mim nenhum dos dois, isto é óbvio para mim agora. Não posso continuar me enganando e deixar você continuar me magoando.
            -- Do que está falando? Se é porque eu te deixei sozinha e fiquei olhando para aquela garota lá, eu juro que não foi nada demais... Só estava olhando, não precisa de todo esse drama.
            -- Não se trata só de hoje, Cafa. Se trata de meses atrás e todo esse tempo até hoje você me fazendo de boba, e eu deixando. Talvez deva conversar com aquela exibida ali, tenho certeza que assim como antes, ela ficará bem satisfeita em se divertir com você quando eu não estiver mais por perto.
            Cafa se virou para ver quem ela apontava, e ficou surpreso ao encontrar Jalma sorrindo para ele e vindo em sua direção. Tentou impedir que Fabi fosse embora, queria falar com ela, precisava convencê-la a mudar de ideia. Mas não tinha como. Fabi se afastou quase correndo, no mesmo instante em que Jalma o alcançou.
            -- Oi, gato! Pensei em repetirmos a dose do que tivemos àquela vez. Mal posso esperar para você me pegar como naquela noite...
            -- Saia daqui Jalma. Não estou nenhum pouco interessado.
            -- E por que não? Por causa daquela sem graça que saiu correndo? Qual é? Não vai me dizer que você, assim como Felipe, prefere uma coisinha sem sal como aquela em vez de um mulherão como eu?
            -- Para falar a verdade, a Fabi é muito mais mulher do que você, Jalma. Agora siga seu rumo e me deixe em paz. Eu não sou como o Felipe, não vou deixar você ficar me perturbando. É melhor ficar longe da Kira e da Fabi, ouviu bem?
            Cafa deixou a festa furioso, Jalma havia estragado tudo com Fabi, e ele sabia que teria um trabalhão para convencê-la a esquecer toda aquela história e consertar tudo entre eles.
            Sentado no carro, ele tentou ligar para o celular dela, sem sucesso. Só caía na caixa postal. Inquieto, ele foi dirigindo devagar pelo caminho que ela teria pego se estivesse indo à pé para casa, e como temia, ela caminhava devagar por uma rua quase deserta e escura demais para o gosto dele.
            -- Ficou louca, Fabi? Andando sozinha nessas ruas.... Sabe o quanto é perigoso? Alguém poderia... – Ele não conseguiu continuar. Tinha saído do carro num pulo assim que parou, começou a gritar, irritado por ela se arriscar daquela forma. – Venha, vou te levar para casa.
            -- Não! Não quero mais ver você.
            -- Pare com isso! Sei que está furiosa comigo, mas é muito perigoso para você ficar andando assim sozinha, à noite, na rua.
            Hesitante, Fabi entrou no carro sem dizer mais nada, e durante todo o percurso até sua casa, evitou encarar ou falar com Cafa.
            -- Olha Fabi, esfria um pouco a cabeça. Amanhã nós conversaremos melhor sobre isso...
            -- Não Cafa. É melhor acabarmos com tudo agora mesmo. Tudo não passou de fantasia da minha cabeça, em nenhum momento você me levou à sério de verdade. Não quero mais isso.  Você não está nenhum pouco interessado em mudar, e eu quero mais de um relacionamento do que ser o plano reserva para o caso de nenhuma mulher mais interessante aparecer. Continue com seu estilo de vida, você não mudou quase nada nele mesmo, que eu vou buscar alguém que me ame e valorize. – Ela disse, entrando em casa logo em seguida, sem virar para trás, deixando um Cafa confuso e inexplicavelmente sentindo um vazio dentro de si.

            Na manhã seguinte, Cafa levantou desanimado e recebeu os olhares surpresos e preocupados da família, como esperava. Cadu e Lelê deviam ter visto ou ouvido sua briga com Fabi, e contaram para todos na casa.
            A mãe saiu correndo para o restaurante, sabendo o quanto estava atrasada, contudo, não sem antes deixar claro para o filho que quando voltasse, queria conversar. Assim que o pai também saiu para o trabalho, Kira e Cadu se aproximaram e começaram à encará-lo.
            -- O que foi? – Perguntou irritado.
            -- Isso perguntamos nós. O que foi tudo aquilo com a Fabi? O que aconteceu com vocês? – Cadu falou primeiro.
            -- Fabi terminou comigo. – Foi tudo o que Cafa foi capaz de dizer, o vazio em seu peito havia crescido mais do que imaginava possível, durante a noite insone.
            -- Como assim? A Fabi te adora. Te ama de verdade, tenho certeza. – Kira não podia acreditar.
            -- Bem, foi o que aconteceu.
            -- E o que você fez para provocar isso? Concordo com Kira, a Fabi te ama, mesmo com todos os seus vacilos. – Disse Cadu, sério.
            -- Ela descobriu sobre Jalma e eu na época do sequestro da irmã de Jalma. Ficou muito chateada porque Jalma praticamente esfregou a história toda na cara dela. Tentei ligar para ela ontem, depois que cheguei, e agora de manhã também, mas ela se recusa a me atender.
            -- Se eu fosse ela, nunca mais olharia na sua casa, Cafa. – Disse Kira. – Mas... Como você está?
            -- Estou bem gente. Só fiquei um pouco chocado, só isso. Nunca tinha levado um fora assim... Não se preocupem, não foi nada demais, simplesmente voltarei à farra de antes. – Respondeu Cafa, e apesar de tentar transmitir confiança, não conseguiu enganar os irmãos.
            -- Eu queria tanto que ele e a Fabi dessem certo... Ela o faria feliz, tenho certeza. Se pelo menos ele se sentisse da mesma forma que ela... – Disse Kira, frustrada e chateada.
            -- Calma Kira. Essa história ainda não acabou... Sabemos muito bem como Fabi se sente por ele, que o ama. E apesar de não querer admitir, conheço Cafa como a mim mesmo, ele se sente da mesma forma por ela. Só não percebeu ainda. Você acha que o Cafa que conhecemos e amamos teria permanecido com a Fabi por todo esse tempo se não sentisse algo forte por ela? Mesmo com a Caitlin, por quem ele tinha todo aquele tesão, ele só ficou por no máximo dois dias, antes de se cansar dela. Claro, segundo ele, passaram os dois dias quase inteiros só transando...
            -- Cadu!
            -- Desculpe, Kira! O fato é que, mesmo que de um jeito torto e sem querer, ele se envolveu de verdade com a Fabi. Foi um recorde! E está na cara o quanto ele está arrasado, apesar de fazer de tudo para esconder. Acho que ele realmente se apaixonou dessa vez. E é isso que me preocupa.
            -- Eu sei. Ele estragou tudo, e a Fabi se cansou dos vacilos dele...
            -- Não sei como vamos poder ajudar nosso irmão, Kira.
            -- Pensaremos em alguma coisa, Cadu. Vou falar com o Felipe, talvez ele possa nos ajudar.
            -- Tudo bem.
            Fechado em seu quarto, Cafa tentou se concentrar em se arrumar, contudo, por mais que tentasse evitar, sua mente insistia em vagar de volta até Fabi. Lembrando de seu beijo, de seu toque macio, seu perfume que o invadia quando a beijava no pescoço, o gosto de seus lábios e de sua pele. Ele não podia evitar sentir falta do corpo dela junto ao seu, de sentir o calor que ela lhe transmitia com simplesmente um toque.
            Seus amigos, até mesmo Cadu, jamais o deixariam em paz se soubessem que sequer chegaram a dormir juntos, Fabi e ele. Não de verdade, pelo menos. Ninguém sabia que sua Fabi ainda era virgem, e que ele aceitara esperar até ela estar pronta, até poder confiar nele. Agora, nunca aconteceria. Não com ele.
            Ele sabia que havia quebrado a pouca confiança que ela se esforçou tanto para depositar nele, fora muito difícil convencê-la a lhe dar o benefício da dúvida e arriscar seu coração com um mulherengo assumido como ele. E como ela temia desde o início, ele agira como um completo cafajeste, transando com Jalma assim que Fabi virara as costas.
            Cafa poderia dizer a si mesmo que apenas seu instinto masculino, depois de tanta abstinência sexual, que acabara falando mais alto. Que não tivera culpa. Porém, ele sabia bem o que estava fazendo, tanto quando ficara com Jalma, como quando flertava com outras mulheres. Era um hábito. Nunca pretendeu se prender a ninguém. O problema era que ele gostava de ter Fabi junto a si, ao seu lado, não queria perder o que tinha com ela.
            Enquanto dirigia para o trabalho, focou sua mente em voltar a sua antiga vida, antes de Fabi, antes de se sentir tão ligado a outra pessoa, a uma garota. Antes de sentir todo aquele medo ao imaginar sua vida sem poder vê-la ou tocá-la de novo.

            À noite, Kira estava se preparando para dormir quando Cafa chegou, cheirando a perfume barato e quase caindo de bêbado. Ela ouviu os passos cambaleantes e os tropeços de seu quarto e foi verificar o que estava havendo.
            -- O que você andou fazendo para chegar nesse estado? – Perguntou Kira, irritada, ajudando o irmão a chegar ao próprio quarto.
            -- Só me divertindo, irmãzinha.
            -- Você nunca chegou assim antes, Cafa. É por causa da Fabi, não é? Você não aprontou nada, né?
            -- Deixa disso, Kira... Nunca me diverti tanto antes, esquece a Fabi... Ela não é ninguém... – Respondeu um Cafa bêbado demais para se manter de pé, desabando em sua cama.
            Ainda mais irritado, e ao mesmo tempo preocupada, Kira voltou para seu quarto e tentou dormir.
            Kira caminhava por uma rua estranhamente familiar, sentiu logo a presença de Felipe ao seu lado.
            -- Acho que tem algo que precisamos ver. – Disse ele.
            -- Como assim?
            -- Apenas sinta. Alguém está te chamando. Vamos!
            Felipe a puxou pela mão até uma aconchegante casa, bem mobiliada e muito bonita.
            -- Está sentindo, Kira?
            -- Sim. Nunca vi essa casa antes, mas ela me parece tão familiar... Me sinto bem aqui.
            -- Eu também.
            -- Parece que estamos cercados, envoltos por muito amor, muito afeto...
            -- Há tanta felicidade no ambiente, que imagino que, quem quer que more aqui, possui um amor tão grande e forte quanto o nosso. – Disse Felipe, quando uma bela mulher, mais velha, entrou com um bebê no colo, na calorosa sala de estar em que o casal estava.
            -- Fabi?
            Antes que Kira pudesse entender a presença de Fabi em seu sonho, a jovem mãe foi envolvida por braços fortes e recebeu um amoroso beijo no pescoço. Ao observar o rosto do recém-chegado, Kira imediatamente reconheceu o irmão, Cafa.
            -- Fabi e Cafa têm uma família...? Ou vão ter? Será mesmo possível? – Se perguntou Kira, se calando em seguida para ouvir a conversa do outro casal.
            -- Ela melhorou? – Perguntou Cafa.
            -- Sim. Felizmente a febre passou, ela está descansando agora, foi um dia difícil para a nossa pequenina.
            -- Vim o mais rápido que pude, mas...
            -- Não se preocupe, está tudo bem agora. – Disse Fabi, dando um beijo no marido.
            -- E o próximo membro da família, como está indo?
            -- Cafa! Eu disse que ainda não tenho certeza, você sabe que pode não ser nada...
            Nesse momento, algo estranho começou a acontecer. A sala começou a ficar muito escura, o chão começou a tremer, tão forte que foi se partindo. De repente, Kira se deu conta que Fabi e Cafa haviam desaparecido, permanecendo apenas a bebezinha, sozinha, no meio daquela confusão catastrófica. Com Felipe ao seu lado, Kira tentou alcançar a menina que chorava copiosamente, contudo, todo o cenário à sua volta desmoronou de vez.
            Sua sobrinha havia sumido, assim como a aconchegante sala de estar, deixando Kira e Felipe cercados por um enorme vazio. Ela sentiu um peso no peito, como se aquele vazio estivesse tentando invadir-lhe o coração.
            -- Seja forte e se concentre Kira. Esse vazio não pertence a nós, ficaremos bem. – Felipe tentou acalmá-la.
            -- Eu sei, mas pertence a alguém que amo.
            -- Cafa?
            -- Acho que sim.
            Parecendo estar à vários metros de distância, uma forte luz brilhou, e o casal correu para alcança-la. Ao se depararem com a luz ofuscante do sol, os dois tiveram que acostumar aos poucos seus olhos com a nova claridade.
            -- Onde estamos? Parece a mesma rua de antes... Mas...
            -- A sensação é diferente. – Disse Felipe, arregalando os olhos em seguida, e apontando para a entrada de uma sorveteria perto dali. – Kira, olhe! É o Cafa.
            -- Vamos!
            Eles correram até a sorveteria em que Cafa entrava um pouco hesitante, sendo surpreendidos pela cena dramática. Cafa estava parado na frente da porta, incapaz de afastar os olhos de uma Fabi muito grávida, com um homem desconhecido a abraçando por trás, as mãos pousadas protetoramente sobre a enorme barriga dela.
            Kira reparou na expressão angustiada do irmão. Ele sofria ao observar Fabi com outro, formando uma família, sem ele. Naquele momento, Kira quis gritar para Cafa reagir, lutar por ela, pela mulher que amava. Porém, ele não podia ouvi-la.
            -- Não estamos realmente aqui, Kira. Lembra?
            -- Ele está sofrendo de verdade, Felipe. Ele a perdeu e está desesperado por isso, posso ver nos olhos dele.
            -- Eu sei, Kira. Mas é só um sonho, não esqueça disso. Não está acontecendo agora.
            -- Está errado, Felipe. Isto está acontecendo, está começando a acontecer. Essa cena é apenas o desfecho, o final. Não posso deixar chegar a esse ponto.

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