quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Personagens Históricos: Imperatriz Myeongseong - Parte II


  • Uma revolução social
Em 1877, uma missão liderada por Kim Gwang-Jip foi encomendada por Gojong e sua rainha consorte, de estudo da ocidentalização japonesa e suas intenções para com a Coréia.
Kim e sua equipe ficaram chocados com a forma como as cidades japonesas haviam se tornado grandes. Kim Gi-Su notou que há apenas 50 anos antes, Seul e Busan, da Coréia, eram os centros metropolitanos do leste da Ásia, elevando-se sobre as cidades japonesas, mas agora, com Tóquio e Osaka completamente ocidentalizadas, Seul e Busan pareciam vestígios do passado.
Quando eles estavam no Japão, Kim Gwang-Jip se reuniu com o embaixador chinês em Tóquio, Ho Ju-Chang e o vereador Huang Tsun-Hsien. Eles discutiram a situação internacional e o lugar da China Qing e de Joseon no mundo em rápida mutação. Tsun-Hsien apresentou a Kim um livro que ele tinha escrito chamado Estratégia da Coréia.
A China já não era a potência hegemônica da Ásia Oriental, e a Coréia não dispunha de uma superioridade militar sobre o Japão. Além disso, o Império Russo começou a expansão para a Ásia, Huang avisou que a Coréia deveria adotar uma política pró-chinesa, mantendo laços estreitos com o Japão no momento. Ele também sugeriu uma aliança com os EUA para a proteção contra a Rússia. Ele aconselhou a abertura das relações comerciais com as nações ocidentais e adoção da tecnologia ocidental. Ele observou que a China tentou, mas falhou devido a seu tamanho, mas a Coréia era menos que o Japão.
Ele também sugeriu que os jovens coreanos fossem enviados para a China e o Japão para estudar e professores ocidentais de matérias técnicas e científicas fossem convidados para a Coréia.
Quando Kim Gwang-Jip voltou a Seul, a rainha consorte Min teve interesse especial no livro de Huang e encomendou cópias para serem enviadas a todos os ministros. Ela tinha esperança de ganhar a aprovação yangban e convidar nações ocidentais para a Coréia.
Ela queria primeiro que permitissem que o Japão ajudasse no processo de modernização, mas apenas para a concretização de determinados projetos, sendo expulso pelas potências ocidentais. Ela destinou-se às potências ocidentais para iniciar o comércio e o investimento na Coréia, para manter o Japão em cheque.
No entanto, os yangban ainda se opunham à abertura do país para o Ocidente. Choe Ik-Hyeon, que tinha ajudado com a impugnação de Daewongun, ao lado dos isolacionistas, dizia que os japoneses eram exatamente como os ‘bárbaros ocidentais’ que iriam espalhar idéias subversivas, como o catolicismo (que tinha sido um grande problema durante o reinado de Daewongun, e que terminou em perseguição maciça).
Para os estudiosos e os yangban, o plano da rainha Min significaria a destruição da ordem social. A resposta para ela foi um memorando conjunto para o trono, de estudiosos de todas as províncias do reino. Eles afirmaram que as idéias do livro eram meras teorias abstratas, irrealizáveis na prática, e que a adoção de tecnologia ocidental não era a única forma de enriquecer o país. Eles exigiram que o número de enviados trocados, os navios que operam no comércio e o comércio de artigos fossem estritamente limitados e que todos os livros estrangeiros na Coréia deviam ser destruídos.
Apesar destas objeções, em 1881, uma importante missão de inquérito foi enviada ao Japão para ficar setenta dias observando escritórios do governo japonês, fábricas, organizações militares e policiais, e as práticas empresariais. Eles também obtiveram informações sobre as inovações no governo japonês copiados do Ocidente, especialmente a Constituição proposta.
Com base nesses relatórios, a rainha Min começou a reorganização do governo. Doze novas agências foram estabelecidas para lidarem com as relações externas com o Ocidente, a China e o Japão. Outras agências foram criadas para lidar efetivamente com o comércio. A agência de militares foi criada para modernizar as armas e técnicas militares. Agências civis também foram criadas para importar tecnologia ocidental.
No mesmo ano, a rainha Min assinou documentos para enviar os melhores estudantes militares para a China Qing. Os japoneses rapidamente se ofereceram para fornecer estudantes militares com fuzis e treinar uma unidade de soldados coreanos para usá-los. A rainha Min concordou, mas lembrou aos japoneses que os estudantes ainda iriam ser enviados para a China para aprenderem mais sobre as tecnologias militares ocidentais.
A modernização do exército foi recebida com oposição. O tratamento especial da nova unidade em treinamento causou o ressentimento das outras tropas. Em setembro de 1881, foi descoberto um complô para derrubar a facção da rainha Min, depor Gojong e colocar o filho ilegítimo de Daewongun, Yi Jae-Seon, no trono. A trama foi frustrada pela rainha Min, mas Daewongun foi mantido a salva da perseguição por ele ser pai do rei.
  • A Insurreição de 1882
Em 1882, os membros do antigo exército, ressentidos pelo tratamento especial das novas unidades, atacaram e destruíram a casa de Min Gyeom-Ho, parente da rainha Min, que era o chefe administrativo das unidades de formação. Estes soldados fugiram até Daewongun, que publicamente os repreendeu, mas em particular os encorajou. Daewongun, então, assumiu o controle das antigas unidades.
Ele ordenou um ataque no distrito administrativo de Seul, que abrigava Gyeongbokgung, o bairro diplomático, centros militares e instituições científicas. Os soldados atacaram delegacias de polícia para libertar os companheiros que tinham sido presos e, em seguida, começaram a saquear propriedades particulares e mansão pertencentes a parentes da rainha Min. Essas unidades, em seguida, roubaram fuzis e começaram a matar agentes da formação japonesa, faltou pouco para conseguirem matar o embaixador do Japão em Seul, que rapidamente fugiu para Incheon. A rebelião militar foi em direção ao palácio, mas ambos, rei e rainha, escaparam disfarçados e fugiram para a vila de seus parentes em Cheongju, onde permaneceram escondidos.
Numerosos adeptos da rainha Min foram condenados À morte tão logo Daewongun chegou e tomou o controle administrativo de Gyeongbokgung. Ele imediatamente desmontou as medidas de reforma implementadas pela rainha Min e aliviou as novas unidades de seus deveres. A política externa isolacionista girou rapidamente, e enviados chineses e japoneses foram forçados a sair da capital.
Li Hung-Chang, com autorização dos enviados coreanos em Pequim, enviou 4.500 tropas chinesas para repor a ordem, bem como para garantir o interesse chinês na política coreana. As tropas prenderam Daewongun, que foi então levado para a China para ser julgado por traição. O casal real voltou e derrubou todas as ações de Daewongun.
Os japoneses forçaram o rei Gojong, sem o conhecimento da rainha Min, a assinar um tratado em 10 de agosto de 1882, para pagar 550.000 ienes pelas vidas e bens que os japoneses haviam perdido durante a insurreição, e para permitir que as tropas japonesas protegessem a embaixada japonesa em Seul. Quando a rainha Min soube do tratado, propôs à China um novo acordo comercial, concedendo privilégios e direitos especiais aos chineses pelos portos inacessíveis aos japoneses. Ela também pediu ao comandante chinês para assumir o controle das novas unidades militares e chamou um consultor alemão, Paul Georg Von Möllendorff, para chefiar o Serviço de Alfândega Marítima.
  • A expedição americana
Em setembro de 1883, a rainha Min estabeleceu uma escola de inglês com professores americanos. Ela enviou uma missão especial em julho de 1883 para os EUA dirigida por Min Yeong-Ik, um dos seus parentes. A missão chegou a São Francisco carregando a recém-criada bandeira nacional coreana, visitou muitos lugares históricos americanos, ouviu palestras sobre a história americana, e participou de um evento de gala em sua honra, dada pelo prefeito de São Francisco e outros funcionários americanos. A missão jantou com o presidente Chester A. Arthur e discutiu a ameaça crescente do Japão e dos investimentos americanos na Coréia. No final de setembro, Min Yeong-Ik retornou a Seul e comunicou à rainha Min:
“Nasci no escuro. Eu saí para a luz, e, Vossa Majestade, é o meu desagrado informá-la que eu voltei para a escuridão. Eu visualizo uma Seul de arranha-céus cheios de estabelecimentos ocidentais que irão colocá-la novamente acima dos bárbaros japoneses. Grandes coisas pela frente para este reino, grandes coisas. Devemos agir, Sua Majestade, sem hesitação, para modernizar este reino ainda antigo.”
  • Reformista contra os Conservadores
Os progressistas foram fundados durante o final de 1870 por um grupo yangban que apoiou plenamente a ocidentalização de Joseon. No entanto, eles queriam uma ocidentalização imediata, incluindo um completo corte de laços com a China Qing. Inconsciente de seus sentimentos anti-chineses, a rainha Min concedeu audiências e reuniões freqüentes a eles para discutir o progressismo e o nacionalismo. Defendiam a reforma educativa e social, incluindo a igualdade entre os sexos através da concessão de plenos direitos Às mulheres, questões que nem sequer haviam sido reconhecidas em seu visinho, Japão, já ocidentalizado. A rainha Min era completamente apaixonada pelo progressismo no começo, mas quando soube que eles eram profundamente anti-chineses, ela rapidamente virou as costas para eles. Cortar laços com a China não estava imediatamente em seu plano de ocidentalização gradual. Ela viu as conseqüências que Joseon teria de enfrentar se não jogasse de lado a China e o Japão pelo Ocidente gradualmente, sobretudo porque era uma forte defensora da facção Sadae, que era pró-China e pró-ocidentalização gradual.
No entanto, em 1884, o conflito entre os progressistas e os Sadae se intensificou. Quando os oficiais da embaixada americana, em especial o Adido Naval George C. Foulk, ouviu falar sobre o problema crescente, se indignou e se reportou diretamente a rainha Min. Os americanos tentaram fazer a paz entre os dois grupos rivais, afim de auxiliar a rainha Min na transformação pacífica de Joseon em uma nação moderna. Afinal, ela havia gostado das idéias e dos planos das duas partes. Ela acabou apoiando muitas das idéias dos progressistas, exceto em romper as relações com a China.
No entanto, os progressistas, fartos dos Sadae e da influência crescente da China, pediu a ajuda dos guardas da legação japonesa e encenou um golpe de estado sangrento em 4 de dezembro de 1884. Os progressistas mataram numerosos Sadae importantes e protegeram posições-chave do governo, deixados pelos Sadae que tinham fugido da capital ou foram mortos.
O novo governo começou a emitir vários editais em ambos os nomes, do rei e da rainha, e estavam ansiosos para implementar reformas políticas, econômicas, sociais e culturais. A rainha Min, porém, ficou horrorizada com as ações dos progressistas e se recusou a apoiá-las, também declarou que qualquer documento assinado em seu nome seria nulo. Depois de apenas dois dias com a nova influência sobre a administração, eles foram esmagados por tropas chinesas sob o comando de Yuan Shih-Kai. Um punhado de líderes progressistas foram mortos. Mais uma vez, o governo japonês viu uma oportunidade de extorquir dinheiro do governo de Joseon, forçando Gojong, novamente sem o conhecimento da rainha, a assinar um tratado. O tratado Hanseong forçou Joseon a pagar uma grande quantia de indenização por danos causados aos bens e pelas vidas de japoneses durante o golpe.
Em 18 de abril de 1885, o Acordo de Li-Ito foi feito em Tianjin, na China, entre os japoneses e os chineses. Nela, eles concordaram que ambos retirassem as tropas de Joseon e que ambos enviassem tropas apenas sob a condição de somente quando suas propriedades estivessem sendo ameaçadas e que cada um informaria ao outro antes de fazer isso. Ambos os países também concordaram em retirar seus instrutores militares para permitir que os norte-americanos recém-chegados assumissem o controle total desse imposto. O Japão retirou suas tropas de Joseon, deixando um pequeno número de guardas, mas a rainha Min estava à frente dos japoneses em seu jogo. Ela convocou os enviados da China e pela persuasão, os convenceu a manter 2.000 soldados disfarçados de policiais de Joseon ou comerciantes para vigiar as fronteiras de todas as ações suspeitas dos japoneses e continuassem a treinar as tropas coreanas.
  • A Inovação: Educação
A paz finalmente resolveu entrar na renomada ‘Terra da Manhã Calma’. Com a maioria das tropas japonesas fora de Joseon e a proteção chinesa prontamente disponível, mais planos para a modernização drástica foram continuados. Os planos para estabelecer uma escola do palácio para educar os filhos da elite vinham sendo desenvolvidos desde 1880, mas foram finalmente executados em maio de 1885, com a aprovação da rainha Min. A escola do palácio, chamado Yugyoung Kung-Won, foi criada com um missionário americano, Dr. Homero B. Hulbert, e três outros missionários para liderar o desenvolvimento do currículo. A escola tinha dois departamentos, a educação liberal e educação militar. Cursos foram ministrados exclusivamente em inglês, usando livros em inglês. No entanto, devido à baixa freqüência, a escola foi fechada logo após o último professor de inglês, Bunker, renunciar no final de 1893.
A rainha Min também deu seu patrocínio para a primeira instituição de ensino exclusivamente para garotas, Academia Ewha, sediada em Seul, em 1886, criada pela missionária americana Mary F. Scranton (agora conhecido como Universidade Ewha). Em 1887, a rainha Min deu o nome de ‘Ewha’ pessoalmente 
Símbolo do clã real Yi
(literalmente ‘flor de pêra’, o símbolo do clã real Jeonju Yi) e enviou uma epístola para incentivar o esforço da Srta. Scranton. Srta. Scranton aceitou o nome dado para corresponder à graça da rainha Min. Esta foi a primeira vez na história que qualquer menina coreana, plebéia ou nobre, tinha direito à educação. Na realidade, como Louisa Rothweiler, professora fundadora da Academia Ewha observou, a escola foi, no inicio, mais um lugar para as meninas pobres serem alimentadas e vestidas do que um local para educação. Esta foi uma importante alteração social.
Os missionários protestantes contribuíram muito para o desenvolvimento de uma educação ocidental em Joseon. A rainha Min, ao contrário de seu sogro, que oprimiu os cristãos, convidou missionários diferentes para entrar em Joseon. Ela sabia e valorizava o seu conhecimento da história ocidental, da ciência e matemática, e tinha consciência da vantagem de tê-los dentro da nação. Ao contrário dos isolacionistas, não viu nenhuma ameaça à moral confucionista da sociedade coreana com o advento do cristianismo. Tolerância religiosa foi outro de seus objetivos.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Não querendo diminuir nossa presidente, mas acho que ela não chega a ser tão dedicada a pátria quanto a imperatriz foi em sua época. A imperatriz Myeongseong me lembra mais a Imperatriz Leopoldina, esposa de Dom Pedro I (casamento complicado+erudição).

      Excluir
    2. Afinal, a Imperatriz Myeongseong literalmente morreu por seu país, duvido que nossa presidente estaria disposta ao mesmo (mas quem sabe eu esteja enganada, não é?)

      Excluir