sexta-feira, 11 de outubro de 2013

[Resenha] A espera

A espera
Autor: Ha Jin
Editora: Companhia das letras
Ano: 2001
Tradução: Beth Vieira
Pgs: 345
Resenha:
Desde o início do livro, sabemos que o casamento de Shuyu e Lin Kong só se mantêm por causa da recusa dela em aceitar o divórcio. Logo nos é apresentado o que levou Lin a ficar naquela situação. Ele via Shuyu apenas como um mal necessário, alguém para cuidar de seus pais enquanto ele tentava uma carreira na cidade. Enquanto ele convivia com as pessoas mais modernas da cidade, Shuyu e sua filha permaneceram vivendo na área rural, sem muitos recursos, sobrevivendo com seu trabalho e o pouco dinheiro que Lin enviava. Mesmo depois da morte dos sogros, Shuyu permaneceu na pequena casa da família, onde recebia o marido quando vinha para visitar-las. Sem muita instrução, tendo vindo de uma família pobre, Shuyu permaneceu durante anos dedicada apenas ao marido ausente e a filha, mesmo depois que Lin começou a insistir pelo divórcio.
“Lin virou-se na neve, fitando aquela casinha um bom tempo. À luz das lamparinas a óleo, as janelas pareciam cor de bronze. Se ao menos pudesse ter jantado com as enfermeiras.” Pg. 48
Na cidade, durante os primeiros anos, Lin viveu como um médico responsável, sem jamais mencionar a verdade sobre a esposa, feia e tradicional, e a filha, sentindo muita vergonha da esposa. Mas sendo um homem acomodado, desde que seus colegas não soubessem dela, tudo estava bem.
Tudo mudou depois que ele se apaixonou pela jovem enfermeira Manna Wu. Ambos se apaixonaram, porém, durante bastante tempo mantiveram seu relacionamento em segredo, e não apenas pelo fato dele ser casado.
“Enquanto o marido falava, Shuyu cobrira a boca com um pedaço amassado de papel. Tinha os olhos fechados, como se estivesse sentindo ferroadas na cabeça.” Pg. 137
Cansada de uma relação secreta, Manna começou a pressionar Lin pelo divórcio. Mas toda vez que ele e Shuyu enfrentavam o juiz, ela mudava de idéia e o divórcio não saia. Demoraria anos e muitas brigas até Lin conseguir o divórcio e poder se casar com Manna. Mas o casamento não foi como ambos esperavam. Depois de tantos anos de espera, além de uma gravidez arriscada e tardia, afetaram os nervos de Manna, causando diversas brigas entre ela e Lin. Enquanto isso, Shuyu encontrou sua própria força, e junto da filha, passou a viver tranquilamente na cidade, perto de Lin e Manna.
Agora preferia esperar por ele, para o que desse e viesse. Talvez já fosse tarde demais para não esperar.” Pg. 178
Lin e Manna enfrentaram muitas dificuldades depois do nascimento dos bebês, gêmeos, devido a doença de Manna. Porém, contaram com a ajuda da filha mais velha de Lin, que apesar de uma implicância inicial de Manna, acabou sendo aceita. Ela passou a ajudar nos cuidados com os bebês e com a casa do casal.

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Minha Opinião:
Um bom livro, com personagens bem humanos, cheios de defeitos. Lin, por exemplo, é um homem egoísta e acomodado, na minha opinião. Com uma esposa submissa e tradicional, que vive para cuidar dos sogros e da filha, ele passa a maior parte de seu tempo na cidade, onde trabalha como médico. Durante muito tempo, acomodado com sua vida dividida entre o trabalho de médico na cidade e os poucos dias que passa no interior com a família, ele não se importou por continuar com um casamento conveniente que não desejava no começo, mesmo depois que seus pais morreram. Mas depois que se apaixonou, sendo pressionado pela amante, começou a lutar pelo divórcio. Mas na China nessa época, o divórcio não era tão simples, principalmente devido a sua situação com a esposa.
Manna, a amante, é outra personagem bastante imperfeita. No início era apenas uma jovem apaixonada, mas quanto mais o tempo passava sem que conseguisse se casar com Lin, mais ela demonstrava sua contrariedade. Tenho de dizer que, desde o início eu não simpatizei com ambos. Apesar de amor entre os dois ser um fato visível, o modo como Lin trata Shuyu e mesmo a filha é muitas vezes revoltante. Manna é outra que, à partir de certo ponto da história, se torna um personagem um pouco irritante.
Mas são essas imperfeições dos personagens que torna a história realista e humana. A passividade de Shuyu, o egoísmo de Lin e Manna, mas também seu amor e força para recomeçar, mesmo depois de tudo que enfrentaram.

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