sábado, 28 de setembro de 2013

[Resenha] Assassinato Real

Assassinato Real
Autora: Jean Plaidy
Editora: Record
Ano: 2000
Tradução: Sylvio Gonçalves
Pgs: 523
Minha Resenha:
Quando ainda era criança, Ana e os irmãos, George e Mary, viviam sob os cuidados da criada da família Bolena, Simonette. Desde bem cedo, Ana e George mostravam sinais de sua inteligência, diferente de Mary, que sempre fora um pouco tola e desligada.
Ainda bem jovem Ana foi enviada para a corte da França, onde estava sua irmã, acompanhando a irmã do rei, Maria Tudor, que iria se casar com o idoso rei francês. Na corte francesa, Ana fez amizade com Marguerite, irmã do futuro rei Francis I, uma mulher extremamente culta que teve grande influência sobre Ana nesses anos na França. Enquanto Francis passava o tempo cortejando belas mulheres, a jovem rainha Maria, não apenas tentava dar um filho ao marido como também tentava seduzir Francis. Mas apesar de mulherengo, Francis contava com uma mãe e uma irmã inteligentes e ambiciosas, que não deixariam que a inglesa conseguisse o que queria e rezavam para que ela não tivesse um filho.
Bem, as preces das duas damas foram atendidas e Francis se tornou rei, após a morte do velho marido francês de Maria Tudor, o rei Luis, ela foi enviada de volta para a Inglaterra. Mas Ana, que era, então, adorada na corte francesa ficou na França por mais algum tempo.
Quando houve a reunião entre Henrique VIII da Inglaterra e Francis I da França, Ana fez parte da comitiva francesa. Durante a reunião, Ana encontrou sua irmã Mary, que havia voltado bem antes para a Inglaterra devido ao seu comportamento inadequado. Ana desaprovou os modos da irmã, o que irritou Mary. Mais tarde Mary encontrou com Henrique por acaso, que encantado pela beleza da jovem, iniciou um caso com ela naquele mesmo dia. O caso de Mary com rei, apesar de desaprovado por Ana, rendeu vários benefícios à família Bolena, o que deixe seu pai ambicioso muito feliz.
Na época em que retornou para Inglaterra, sabendo do caso de Mary com o rei, ficou com a família no castelo de Hever temporariamente. Foi onde conheceu pessoalmente Henrique, que acreditando que a jovem não o reconhecera, conversara com a jovem.
“A vida na corte inglesa oferecia uma grande variedade de entretenimento, e a chegada de uma dama vivaz e estonteante como Ana Bolena não podia passar despercebida” Pg. 63
Depois desse encontro, Henrique começou a pensar cada vez mais na bela jovem que conhecera no castelo de Hever, percebeu estar apaixonado e faria qualquer coisa para tê-la. Quando Ana se tornou uma das aias da rainha Catarina, Henrique pensou que essa poderia ser sua chance, mas estava enganado. Ana não estava interessada em ser amante de ninguém e já havia lhe dito isso.
“-Eu não entendo, poderoso rei, como Vossa Majestade pode continuar com tais esperanças. Sua esposa eu jamais poderia ser, tanto em respeito à minha própria falta de valor e também porque já tem uma rainha – E então Ana acrescenta a frase mais perturbadora de todas: - E sua amante eu jamais seria!” Ana Bolena, Pg. 107
Na corte, Ana conheceu e se apaixonou pelo jovem Percy. Ambos se encontravam sempre que podiam e prometeram que iriam se casar. Porém, Henrique percebeu a aproximação dos dois e não gostou nada disso. Mandou que Wolsey, seu fiel conselheiro, cuidasse do assunto, já que o rapaz era de sua responsabilidade. Wolsey convenceu Percy de que casar com uma jovem como Ana Bolena não era uma boa idéia, só lhe causaria problemas. Percy, fraco e pouco determinado, cedeu e foi enviado para longe. Desolada, Ana não conseguiu acreditar de imediato que Percy desistira dela. Após ser enviada de volta ao castelo de Hever, ela esperou que Percy fosse vê-la, mas ele nunca foi. Não demorou para ela perceber a verdade, apesar de muito decepcionada, ela superou o acontecido com a ajuda de seu irmão e amigos. De fato, quem atrapalhou o relacionamento de Ana com Percy, além da fraqueza do próprio, foi o rei, mas sem saber desse detalhe, ela culpou principalmente Wolsey, a quem começou a desprezar profundamente. Mais tarde, Wolsey perceberia o erro de ter tornado aquela jovem sua inimiga, menosprezando-a.
“O Cardeal chorou. O Cardeal implorou. O Cardeal empregou todos os seus dons raros para dissuadir o rei. Mas Henrique estava mais determinado neste projeto do que em qualquer outro de sua vida.” Pg. 143
Outro que quase conquistou Ana foi seu amigo Wyatt, mas como ele já era comprometido, apesar da admiração mútua, Ana não quis iniciar um relacionamento. Nessa época, o rei já vinha tentando se aproximar cada vez mais de Ana, tentando conquistá-la. Ana, que sempre gostou de receber atenção, ser apreciada e admirada, começou a perceber que ter um rei apaixonado por ela não seria ruim. Foi então, que o relacionamento dos dois realmente começou.
“Então você abandonou
Aquele que a amou por tanto tempo
Na riqueza e na tristeza.
Onde conseguiu um coração tão duro
Para me tratar assim?”
Wyatt, Pg. 149
No início, Ana não cedia às tentativas de Henrique por mais intimidade. Mas depois que os planos do divórcio dele de Catarina já estavam avançando, ela acabou cedendo. Levaria anos antes de Henrique decidir de fato cortar relações com a Igreja, e se casar oficialmente com Ana, o que ocorreu principalmente devido ao fato de Ana estar grávida.
“A felicidade é uma questão de comparação. Eu nunca conheci uma felicidade realmente completa, porque naquela época meu corpo estava em agonia, e agora eu mal sei se tenho um corpo, e isso por si só já é o bastante.” Ana Bolena, Pg. 273
Porém, após se tornar rainha, os problemas de Ana apenas começaram, ainda mais quando a criança nasceu e não era o tão esperado menino. Com muitos inimigos na corte, Ana e seu irmão tinham de ter muito cuidado com o que diziam e faziam. Com a incapacidade de Ana de gerar um filho deixando o rei cada vez mais nervoso, Ana e George estavam em uma situação extremamente complicada. Com a tensão mexendo com seus nervos, Ana cometeu o erro de demonstrar sua irritação e desaprovação pelas traições do marido, o que serviu apenas para afastá-lo ainda mais dela. Quando Ana finalmente percebeu o erro que estava cometendo e mudou de postura já era tarde, Henrique já havia se encantado pela sua oposta, Jane Seymor, e começou a pensar em como se livrar dela para colocar a nova amante em seu lugar.
“Ele já sofrera humilhação suficiente para partir o coração de um homem orgulhoso. O Cardeal muito fizera por Henrique e ele o tratava assim; Mas o jovem Henry Norris, por quem Wolsey nada fizera, tratara-o com compaixão.” Pg. 193
“Alguém acendera uma tocha. Outra se acendeu, e mais outra. Ao brilho bruxuleante das chamas, os rostos das mulheres tomavam a semelhança de caras de animais. Havia cupidez em cada rosto... e crueldade, ciúme, inveja...” Pg. 218 

“Se o molde dos tiranos impiedosos tivesse sido perdido,
o mundo o teria recuperado neste rei.” Sir. Walter Raleigh

 “Conspurcado foi meu nome

Por embustes e perjúrios;
Apenas resta-me dizer
Adeus à alegria, adeus à paz.
 Feriram minha honra,
Julgaram-me com injustiça;
Podem procurar onde lhes apetecer,
Contra mim nada encontrarão.”

Ana Bolena presa na Torre de Londres
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Minha Opinião:
Fiquei fã do trabalho da Jean Plaidy depois que li A batalha das rainhas, parte da saga sobre os Plantagenetas. Desde então já li uns quatro livros dela e nenhum me decepcionou. De início, esse livro me interessou, não só por causa da autora, mas também porque gosto de ler sobre a corte dos Tudor, principalmente sobre Ana Bolena, suas sucessoras e a Rainha Elizabeth I. Esse é um período fascinante, pelo menos para mim, e com muitos exemplos de mulheres fortes, inteligentes e determinadas, mas de formas diferentes. Admito que admiro Ana Bolena e sua filha Elizabeth I, elas foram grandes mulheres e marcaram suas épocas.
Com a maior parte da história focada em Ana Bolena, sua ascensão e sua queda, com alguns momentos, intercalados na história, focados em Catarina Howard, prima de Ana, o livro conta essa história tão conhecida sob um ponto de vista feminino. O que Ana poderia ter pensado realmente de Henrique VIII, seus medos, sua relação com o irmão e como conseguiu suportar os períodos tensos e sombrios que antecederam sua queda numa corte cheia de inimigos ambiciosos. Enquanto vemos a luta de Ana para subir e permanecer no topo, a jovem Catarina Howard aproveitava certa liberdade, sob a proteção negligente da duquesa-mãe.
Para quem gosta de romances históricos, esse e outros livros que já mencionei acima, eu recomendo. São excelentes leituras, e nas dão uma amostra de como foi a vida de personagens tão fascinantes.

Por Favor, Comentem!!

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