sexta-feira, 2 de agosto de 2013

[Resenha] O Rio e seu Segredo

Autor: Zhu Xiao Mei
Editora: Objetiva
Ano: 2008
Tradução: Rejane Janowitzer
Pgs: 247
Resenha:
A primeira vez que Xiao-Mei teve contato com um piano foi aos 3 anos de idade. O piano pertencia à mãe dela, que graças ao pai, era bem familiarizada com a cultura ocidental e apreciava muito música.
“Felizmente há Mamãe Zheng. Este velho senhor é encarregado das questões de intendência e de saúde desde a criação do Conservatório. Mamãe Zheng se dedica a nós por generosidade. Dá a impressão de não ter tempo nem de comer nem de dormir.” Pg. 35
Na época em que a família morava em Xangai, os pais de Xiao-Mei estavam acostumados com um melhor estilo de vida, mas coma ascensão de Mao e do Partido Comunista, a elegância e conforto anterior dera lugar à austeridade. Por causa da riqueza dos avós de Xiao-Mei, e do conforto que a família desfrutava em Xangai, durante a revolução cultural eles foram rotulados pelo partido como de “má-origem”. Depois de se mudarem para Pequim, atravessaram anos difíceis, seus pais enfrentaram muita dificuldade para sustentarem Xiao-Mei e suas quatro irmãs em vários momentos. Porém, graças a influência da mãe, Xiao-Mei, apesar dos momentos difíceis, começou a se interessar por piano.
“No meio daquela miséria cotidiana, um raio de sol permanece: a chegada da correspondência. Quando ela não é censurada e quando aquele que a recebeu não é obrigado a ler publicamente o conteúdo.” Pg. 94
Durante os anos de repressão na China de Mao, Xiao-Mei testemunhou grandes injustiças, lutou para manter sua paixão pelo piano e pela música de Bach, mas também conheceu pessoas que a ajudaram imensamente. Fosse aquele professor que a ensinou e incentivou, ou fosse aquela amiga que não a abandonou nem mesmo nos períodos mais negros.
“O mais extravagante dos meus amigos se chama Braz. Ele é brasileiro e um pianista de extrema sensibilidade. Nascido na alta burguesia do Rio de Janeiro, vive à larga em Paris, ao menos durante as duas primeiras semanas de cada mês.” Pg. 193
“Quando criança, eu perdi tudo, mas a música me ajudou a viver.” Pg. 230 

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Minha Opinião:
Particularmente eu gosto muito de ler sobre esse período da história chinesa e a história de Zhu Xiao-Mei é bastante inspiradora. Apesar desse livro não ser o melhor que li sobre a Revolução Cultural, é uma ótima leitura para quem gosta de autobiografias. Gostei da forma como foi escrita, terminei de ler bem rápido. As citações no início dos capítulos são bem interessantes, principalmente as de Lao Tse.


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Algumas citações do livro:
“Pegue três homens ao acaso nas ruas:
Eles terão necessariamente alguma coisa a lhe ensinar.” 
(Confúncio)

“Há somente uma única beleza, a da verdade que se revela”
(Rodin, A arte)

“A bondade suprema é como a água,
Que tudo favorece e com nada rivaliza.
Ocupando a posição desdenhada por todo ser humano
Ela está muito próxima do Tao.”
(Lao Tse)

“O Ser dá possibilidades,
É através do não-ser que nós as utilizamos.”
(Lao Tse)

“Um dia, dois bandidos entraram no Palácio de Verão.
Um pilhou-o, o outro incendiou-o.
A vitória pode ser uma ladra, ao que parece.”
(Victor Hugo)

“Reconheça a diversidade
E você alcançará a unidade”
(Rabidranath Tagore)

“Perceber a menor coisa, eis a clarividência,
Manter a doçura, eis a força da alma”
(Lao Tse)

“Não tenho medo, pois passei pelas tempestades e pelos desertos.
Não tenho medo, pois tenho que passar pelos desertos e pelas tempestades”
(I Men, Não tenha medo)

“Sentado sozinho no meio dos bambus,
Eu toco cítara e solto a voz.
No fundo da floresta, onde os homens me esquecem,
Apenas um raio de lua veio me iluminar.”
(Wang Wei, La Cloriette aux bambous)

Por Favor, comentem!!!!

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